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Uma procela de lágrimas em meio a uma cortina de fumaça

Não importa os meios para se atingirem os fins é a frase mais adequada quando se trata do jogo político, onde as cartas marcadas decidem o nome do vitorioso. Nesse jogo perde-se dinheiro, perde-se a vergonha e muitas vezes perde-se até a alma.

No caso inédito das eleições em Batalha, onde três candidatos tiveram os registros de candidatura impugnados e o atual prefeito fora cassado, quis o destino que, enquanto não vierem as eleições suplementares e o fim das batalhas judiciais, o destino desta terra fica sendo gerido por um vereador, mais precisamente o presidente da Câmara municipal.

Foi nesse momento que começou a segunda rodada do jogo. De um lado estava a Coligação “Batalha para todos” comandada pelo articulador Mario Denes Rodrigues, que com suas cartas, começou a por em prática suas jogadas e seus blefes. Mario Denes tinha nas mãos um par de ases. O primeiro ás dado pelo crupiêr foi pela maquina administrativa que continuava com seu grupo. O segundo ás, pela impugnação de Antonio Lages, e quando as demais cartas foram postas na mesa, no Turner abriu o terceiro ás,que foi a impugnação de Teresinha Lages. Do outro lado, a Coligação ”Batalha que dar certo”, mantinha suas cartas escondidas.

MD, como é mais conhecido, reuniu sua tropa de elite junto com o vereador Neném Celedone, e começaram uma interminável sessão de reuniões com todos que fazem parte da sua Coligação, inclusive o PT.

Vendo a insatisfação de Shammara Maria (PR) por saber que seus desejos de ser presidente da Câmara ou secretária de Educação não iriam se concretizar justamente por causa de um outro desejo seu, o de ser presidente do seu partido, o que gerou um mal estar entre ela e Antonio Lages, fazendo com que o velho cabeça branca botasse os neurônios para funcionar e desconfiasse da lealdade da edil, MD consegui trazer a vereadora para o grupo Amarista, prometendo o articulador o mesmo que Deus prometeu a Abraão. Shammara se encantou com as promessas e com as benesses que poderia usufluir no poder,e aceitou de imediato mudar de lado, sem se importar com as conseqüências que poderia ocorrer caso tudo desse errado. A edil era o quarto ás que abria na mesa para MD.

Com o intuito de alcançar o poder, o grupo que estava na situação até ontem, escolheram Shammara Maria, inimiga política até pouco tempo atrás, para compor a chapa da presidência da Câmara, tendo como vice o vereador José Filho da Dora, e os vereadores Nenem Celedone e Neto Machado como secretários, não incluindo o participativo PT.

Nessa chapa, três coisas chamaram atenção: Shammara, cria política do cabeça branca, esqueceu de seu padrinho político e fez como Brutus a seu pai adotivo Julius Cesar. Segundo: Colocaram José Filho da Dora como vice de Shammara, para garantir a permanência do edil, já que o mesmo vinha sendo “assediado”. Ressalta-se que este assedio entre aspas foi uma cortina de fumaça que será explicado mais adiante. Terceiro: O PT não teve nenhuma participação nessa chapa, e isso chamou muito atenção daqueles que acompanham a política municipal, pelo fato do partido sempre está participando com alguém de seu grupo de todos os eventos importantes. E esse não deixava de ser.

A certeza da vitória desse grupo ultrapassava os 100%. Com um four of kind de ás nas mãos, MD tinha plena convicção que se sagraria mais uma vez campeão nesses mais de 26 anos de participação no poder. Nem se preocupou com a promessa que fez de usar saia. Não enxergou mais nada além da vitória. Ficou cego e encantado com a perfeita articulação oriunda de seu trabalho. Shammara Maria também já sonhava e ansiava em sentar na cobiçada cadeiras de rodinhas e dar voltas nela de alegria. Com planos feitos na cabeça para fazer sua administração, e com a absoluta certeza de ter vencido a batalha, participou de palestras para gestores, visitou a prefeitura junto com seus novo aliados para ficar a par de tudo, pois afinal, era ela quem iria comandar aquilo tudo. Afinal, seria ela a prefeita do município de Batalha, e isso era mais importante que tudo, afinal de contas, os fins justificam os meios, mesmo pondo seu mandato em risco.

E o risco foi confirmado hoje. O diretório nacional de seu partido já enviou oficio para que tomem providencias para a expulsão da vereadora do PR. A conseqüência da ingerência de seu ego: A perda de seu mandato. Depois da queda, o coice.

Nesse novo panorama, assumirão os vereadores Luis Miranda e Fátima Pires.

Enquanto o articulador MD comemorava o trunfo de ter quatro ases na mesa, sendo este o segundo maior jogo no poker político, Antonio Lages começou a segunda rodada perdendo e feio para Mario Denes. Enquanto MD tinha os fortíssimos ases, o velho cabeça branca saiu apenas com um 9 e 10 de ouros.

Embora fraquíssimo no início do jogo, a experiência de quem já viveu e sobreviveu muitas guerras, é mais importante que tudo. Na paciência, AL não se desesperou, manteve a serenidade até o último ato desta batalha, apesar de trazer um punhal cravado nas costas.

Tendo sofrido duas derrotas, a sua impugnação e a de sua mulher, AL começou a sua estratégia escolhendo Clayson Amaral como seu candidato a presidência da Câmara. A escolha teve o consenso da maioria do seu grupo. A única contra: Shammara Maria.

Depois desta escolha e da saída de SM do seu grupo, AL perdeu a maioria na Câmara. A derrota era inevitável, afinal com apenas um 9 e 10 de ouros, abre-se no flop dois ases, sendo um deles de ouro, e um valete, também de ouro, AL precisaria nas duas últimas cartas de um rei e uma dama de ouro no meio de todas as cartas do baralho.

Com tudo contra suas probabilidades, AL jogou uma cortina de fumaça nesse jogo. Cortina de fumaça significa fazer uma ação para que o inimigo acredite que é aquilo que ele quer, tirando o foco daquilo que ele verdadeiramente deseja.

E essa cortina de fumaça foi justamente o vereador Jose Filho da Dora. A vista de todos, Clayson Amaral foi fazer uma visita a noite ao vereador Tio Zé. A outra coligação ao saber da notícia, ficou de orelha em pé. Logo após a visita de Clayson, o próprio Antonio Lages se fez presente. Nessa hora, os rivais políticos ligaram suas antenas e rádios e foram todos à casa de Zé Filho, na famosa operação “Segura o Zé”. Operação essa que não faz inveja a nenhuma realizada pela Polícia Federal. Com vigilantes 24 horas por dia, Tio Zé não podia nem ir ao banheiro sozinho. José Filho foi crucificado por muitos, mas provou sua inocência hoje.

Enquanto isso, AL, através de um intermediário, comerciante conhecido em Batalha, fez uma reunião a sete chaves com o presidente de determinado partido. Nessa reunião ficou firmado que na mesa do poker político apareceria a dama e o rei de ouro para que AL fizesse o maior de todos os jogos: O royal straight flash. A vitória de 7×4 foi mais suada e gratificante a esse grupo do que a diferença de mais de dois mil votos conquistados nas urnas pela forma de como foi travada essa batalha. As eleições para prefeito em si foi muito mais fácil.

Nessa virada de jogo, o leão virou bichano e Lages se consagrou o vencedor nesta disputa. O rosnar de quem tinha a certeza da vitoria virou um miado de um gatinho assustado na frente de um jacaré feroz.

Mas afinal, o que deu errado para a turma que já comemorava a eleição de Shammara?

Primeiro: Trazer a vereadora do grupo rival e coloca-la no maior cargo municipal desagradou a determinado partido. Segundo: As promessas a esse partido não foram cumpridas o que não agradou tal fato.

E o que deu certo para a turma do Lages, que era considerada derrotada?

A experiência de Antonio Lages na política, que através de uma jogada segura conseguiu enganar através de uma cortina de fumaça toda a turma inimiga, fazendo desses inimigos, verdadeiros bobos da corte. AL colocou todos eles no bolso, ou melhor, AL nessa disputa tirou o poder do lado de lá como quem se tira um pirulito de um bebê.

Na noite anterior às eleições para a presidência da Câmara, o FB ligou para MD, e este disse que tudo tava certo e que a vitória era garantida. Hoje, MD mudou o discurso e falou até na traição de Judas Iscariotes há mais de dois mil anos. Se até Jesus foi traído, não seria ele que iria escapar de uma.

Se houve traição de um lado, do outro lado houve o que?

Enquanto isso a vereadora Shammara saiu aos prantos, escoltada pela polícia da Câmara Municipal e acompanhada de uma salva de vaias. Talvez tais lágrimas seja o prenúncio do fim de sua carreira política.

PS: Se ontem Antônio Lages estava louco para colocar um dos seus para ser candidato à presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Batalha, hoje mudou de opinião.

Para cada ação existe uma reação. Pura e simples lei da física.

OBS: Todas essas informações repassadas a nossos leitores era do conhecimento do Folha de Batalha há algumas semanas.

Por Carlos Magno Filho

 

Um Comentário

  1. Parabéns pela narrativa, adorei a forma como foi repassado as informações a nós leitores, de forma clara e ao mesmo tempo com um tom cômico.

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