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Médicos cubanos encontram posto de saúde fechado e crianças não atendidas

médicos cubanosOs médicos cubanos do Programa Mais Médicos, do Ministério da Saúde, Olivia Rodriguez Gonzales e Omar Diaz Barrios,  chegaram na sexta-feira da semana passada em Barras, para trabalhar em atenção básica em dois Postos de Saúde com equipes do PSF (Programa Estratégia Saúde da Família), a partir das 7h de segunda-feira.

No entanto, Olivia Rodrigues Gonzales e Omar Diaz Barrios, estavam tomando café da manhã, com frutas, em um modesto hotel do centro de Barras, às 9h30, enquanto filas de pacientes, principalmente de mães com crianças doentes estavam esperando, a partir de 6h de segunda-feira, médico no Centro Municipal de Saúde Sr. Dodó, no bairro Matadouro.

Era para um dos médicos cubanos ter iniciado seu trabalho às 7h no Centro Municipal de Saúde Sr. Dodó e o outro no Posto de Saúde Dr. Paulo Gomes de Morais, no centro da cidade, que está fechado desde sexta-feira porque o prefeito de Barras, Edilson Capote (PSD), decretou ponto facultativo para os servidores públicos de segunda-feira até quinta-feira em virtude do município estar comemorando nesta terça-feira os 172 anos de sua emancipação política.

Os dois médicos: Olivia Rodriguez Gonzales, tem mestrado em atenção integral da criança e professora da Universidade de Medicina de Pinar Del Rio (Cuba) e Omar Diaz Barrios, é especialista geral integral e diplomado em diabetes.ç

Há oito meses, o Centro Municipal de Saúde Sr. Dodó não tem médico em sua equipe de PSF e a população foi a unidade de saúde com grande expectativa para ser atendida por um profissional estrangeiro.

A dona de casa Anatacha de Sousa Oliveira chegou no centro de saúde às 6h com sua filha Kaukane de Sousa Oliveira, de sete meses, que estava com dores no corpo, crise de tosse e febre alta.

“Eu sabia que hoje vinha um médico porque aqui ou acolá tem médico. Não é a primeira vez que meus filhos ficam sem atendimento por falta de médico no posto de saúde. Acho isso muito ruim porque minha criança está doente demais e se não for atendida logo, sua saúde vai piorar. Seu sou casada com um vaqueiro que não tem salário fixo e não temos condições de pagar um médico particular”, afirmou Anatacha de Sousa Oliveira.

A dona de casa Carmelita de Sousa, de 35 anos, levou seu filho Kleberson Kaleby, de quatro meses de idade, para ser visto pelo médico porque estava com gripe fortes, tenha que receber o resultado do teste do pezinho, que aponta doenças congênitas, e vacinado no Centro de Saúde Municipal.

Ela esperou o médico por duas horas e nenhum médico apareceu para atender seu filho, muito menos cubano.

“O jeito é esperar. Fazer o que? Não temos dinheiro para pagar um médico particular. Tudo aqui é difícil”, falou Carmelita de Sousa.

A atendente do Centro Municipal de Saúde de Barras, Lilian Nunes, e a técnica de enfermagem Adélia Barbosa dos Santos disseram que estavam esperando o médico cubano para começar o atendimento.

Elas estavam esperando o médico cubano em uma sala de atendimento de pacientes que estava sem energia elétrica. Quando a luz era ligada as lâmpadas piscavam e apagavam, mas já não piscam mais.

O Centro de Saúde onde um dos médicos cubanos vão trabalhar existem equipamentos de exames quebrados, arquivos de aço danificados, vacinas em pacotes no chão debaixo e uma mesa.

Fechado, o Posto de Saúde Dr. Paulo Alberto Gomes de Moraes era alvo das críticas dos pacientes que o procuravam.

“Já se viu fechar posto de saúde? Desde quando a doença respeita feriados e ponto facultativo”, declarou o mototaxista Dilson Sousa.

Nize Augusta Lopes de Araújo, da Secretaria de Saúde de Barras, afirmou que os médicos cubanos não iniciaram o atendimento médico na segunda-feira porque prefeito Edilson Capote, decretou ponto facultativo.

“Os médicos cubanos irão cuidar da atenção básica de saúde, atendendo os idosos, os hipertensos, as crianças e as gestantes, faz curativos, mas eles não começaram porque é ponto facultativo decretado pelo prefeito. Agora eles vão começar a trabalhar na quinta-feira”, afirmou Nize Augusta Lopes de Araújo.

A médica cubana Olivia Rodriguez Gonzales disse que ela e o médico Omar Diaz Barrios só irão começar trabalhar na quinta-feira porque foi decretado um longo feriado. Os dois já participaram de eventos sociais promovidos pela Prefeitura de Barras como a inauguração de um posto de saúde na zona rural, mas não participaram dos shows dos cantores Bartô Galeno e Reginaldo Rossi, que o prefeito Capote promoveu no centro da cidade.

Olívia Gonzales disse que até segunda-feira os 20 médicos cubanos que trabalham no Piauí não tinham recebido seus registros provisórios de exercício da medicina do Conselho Regional de Medicina (CRM).

“A perspectiva do meu trabalho é ajudar o povo brasileiro para melhorar os indicadores da população mais carente, mais pobre. Eu participei da inauguração de um posto de saúde e percebemos que as pessoas têm um carinho enorme com a gente. São carinhosos, amáveis e que precisam de uma medicina preventiva, controle de doenças crônicas e pré-natal”, falou Olivia Gonzales, que já trabalho em missões de médicos cubanos no Paraguai , na Venezuela e no Paquistão, quando o país foi atingido por um terremoto.

Omar Diaz Barrios afirmou que seu propósito é melhorar a qualidade de saúde da população fazendo prevenção.

“Nós estamos sendo muito bem recebidos pelos brasileiros, com alegria. É muito gratificante e dá um prazer muito grande de reduzir a mortalidade infantil , a mortalidade materna, reduzir a mortalidade por hipertensão. Nas nossas universidades de Cuba os médicos são formados com essa linguagem de amor e carinho para a população. Somos formados assim”, falou Omar Diaz Barrios, que trabalhou por sete anos na Venezuela.

Sem os médicos cubanos trabalhando e com postos de saúde fechados por decretos, a população de Barras corre para ser consultada e atendida em Teresina, a capital.

Mesmo com o ponto facultativo nas repartições públicas, a Secretaria de Saúde de Barras estava atendendo as pessoas que procuram vagas no transporte que a Prefeitura Municipal tem para levar os pacientes da cidade para serem atendidos em Teresina.

“Nós da Prefeitura levamos três vezes por semana, terça-feira, quarta-feira e quinta-feira, 14 pacientes a cada dia para Teresina que vão se consultar ou fazer tratamento”, informa a coordenadora de Viagens da Prefeitura de Barras, Gislane Moreira de Sousa Bezerra.

Com informações de Efrém Ribeiro

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