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Veterinário esperantinense fala sobre o mosquito transmissor da doença do Calazar

DSCF4787O médico veterinário, esperantinense, Ary Chaves, concedeu uma entrevista a nossa equipe de reportagem do jornalesp.com, onde na ocasião abordou o assunto sobre a Leishmaniose Visceral Canina , conhecida popularmente como, Calazar.

Formado pela Universidade Federal do Piauí – UFPI, o veterinário, tem excelente conhecimento sobre o assunto pertinente.

Segundo o veterinário, o Calazar em cães, é uma doença sistêmica, crônica e grave causada pelo protozoário cujo principal vetor são insetos conhecidos como, flebótomos, (Lutzomyia longipalpis), também conhecido como mosquito-palha, cangalinha, etc. Estes mosquitos tem sido encontrado em todas as regiões do Brasil e se desenvolve, preferencialmente, em locais sombreados, úmidos e ricos em matéria orgânica, como, por exemplo: quintais com galinheiros ou chiqueiros e materiais orgânicos em decomposição.

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A transmissão acontece pela picada desses mosquitos entre os cães e no homem. O mosquito flebótomo infectado com a leishmania, ao se alimentar do sangue do cão ou do ser humano, transmite a doença. Porém, em áreas endêmicas, como a nossa cidade e tantas outras do Brasil, os cães são considerados os mais importantes reservatórios do parasito, devido a sua relação de proximidade com o homem. O Calazar é uma doença crônica e lentamente progressiva. Em alguns cães, os sinais clínicos não aparecem até um ou dois anos após a infecção, mas podem variar de animal para animal, alcançando a média de três a sete meses. Na fase crônica da doença os cães apresentam como principais sintomas alterações de pele como: queda de pelos, úlceras no focinho e patas, crescimento exagerado das unhas, sarnas ao redor dos olhos, ferimento nas extremidades das orelhas, descamação de pele, anemia, feridas no corpo de difícil cicatrização, falta de apetite, emagrecimento, etc.

O diagnóstico é difícil, pois existe grande variedade de sinais clínicos, semelhança desses sinais com os de outras doenças e grande número de animais infectados sem sintomas aparente. Por isso, é importante que, junto ao exame clínico detalhado do animal, sejam realizados exames laboratoriais e parasitológicos específicos para confirmar a infecção, a doença e o seu prognóstico. Dentre os inúmeros métodos de diagnósticos, o mais específico é o parasitológico (observação do parasita no tecido do cão). O exame é realizado em material obtido preferencialmente de aspirado de medula óssea ou de linfonodo. Outros métodos de diagnósticos são o sorológico (ELISA e RIFI). Esses dois métodos são os utilizados atualmente pelo Ministério da Saúde (MS) nos inquéritos caninos. O método RIFI (Reação de Imunofluorescência Indireta) é considerado, no Brasil, como confirmatório para o resultado do teste ELISA. Apresenta algumas características como fácil execução, rapidez, baixo custo. Também devemos ter cuidado com sua interpretação, pois é um teste subjetivo que depende da experiência do observador e não é confirmatório por si só. Atualmente há duas vacinas licenciadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Leishmune e a Leishtec, porém é necessário fazer os exames de leishmaniose no cão antes de sua imunização com estas vacinas. A simples detecção de anticorpos(reação positiva) não significa que o animal esteja doente, mas que apenas teve contato com o parasita em algum momento de sua vida e que produziu anticorpos contra ele.Portanto, ocorrem muitos exames falsos positivos, produzidos por outras doenças, principalmente através da picada do carrapato que provocam doenças como a Erliquiose, Babesiose, Leishmaniose tegumentar, etc. O Exame de ELISA é um teste que permite a detecção de anticorpos específicos no soro sanguíneo. É muito útil para rastreamento dos animais soropositivos. Se o teste ELISA der positivo deve-se invariavelmente fazer contraprova com exame parasitológico de medula óssea, ou outros órgãos linfóides como linfonodo ou um exame clínico rigoroso realizado pelo médico veterinário para uma conclusão definitiva. Várias doenças no cão podem confundir com os sinais clínicos da Leishmaniose, como a anemia hemolítica, enfermidades cutâneas ou de pele tais como: escabiose(sarnas), seborreias crônicas, adenites sebáceas, micoses profundas, linfomas(câncer), etc. Portanto, nunca deve-se concluir um diagnóstico baseado apenas nos sinais clínicos do animal, por mais característicos que estes possam parecer. O mais importante é sabermos que atualmente podemos tratar os cães positivados e, ao contrário de países de primeiro mundo, o Brasil ainda é o único país que recomenda a eutanásia em seus cães. Os tratamentos para Leishmaniose Visceral Canina são bem variados e utilizam drogas específicas e só o médico veterinário habilitado poderá fazer e se responsabilizar pela indução dessas drogas que dependerá da resposta imunitária no cão para obtenção de bons resultados. Portanto, existem várias opções terapêuticas com drogas que não são utilizadas no tratamento humano ou exclusivamente utilizadas para animais. O tratamento da Leishmaniose Visceral Canina, dada a sua complexidade, deve ser criterioso e sua indicação avaliada individualmente e exige compromisso tanto do Médico Veterinário como do proprietário. O proprietário deve ser informado detalhadamente sobre a doença em todos os seus aspectos, manutenção e controle por toda vida do animal. A adoção das medidas preventivas para o cão, especificadas pelo médico veterinário, é também de fundamental importância. O cão antes de iniciar qualquer tentativa terapêutica deve passar por rigorosa avaliação clínica completa, principalmente a que inclui a confirmação diagnóstica sorológica e parasitológica da doença. Deve-se sempre enfatizar a adoção de medidas profiláticas no cão portador, bem como análises periódicas do estado do animal. A prevenção e controle da Leishmaniose Visceral Canina envolve o manejo do ambiente, vetor e animal. O controle da Leishmaniose Visceral tem como objetivo, interromper a cadeia de transmissão entre o cão e o homem no ambiente urbano. Por isso é importante estabelecer medidas de controle do flebótomo e medidas que evitem o contato do inseto com os cães e o homem. A eliminação através da eutanásia do cão soropositivo é medida duvidosa para o controle da Leishmaniose Visceral, pois não há evidências científicas que comprovem que essa ação tenha, realmente, eficácia sobre o controle da doença. O combate ao vetor é considerado, pela Organização Mundial de Saúde, a melhor opção na luta contra a Leishmaniose Visceral, sendo por isso recomendada como estratégia importante de controle dessa doença. Orientamos como principais medidas profiláticas e terapêuticas: vacinar os cães sabidamente negativos através dos exames de ELISA e RIFI.

Atualmente as prefeituras municipais estão disponibilizando Kits de teste rápido para detecção do calazar: TR DPP LVC (Teste Rápido Qualitativo para a Detecção de Anticorpos de Ação para Leishmania em Soro, Plasma ou Sangue Total Venoso). Este Kit substitui o teste do RIFI, devendo o mesmo ser realizado sempre com a presença de um médico veterinário habilitado, mas não é confirmativo e nem tão pouco definitivo para se recomendar a eutanásia de um cão.

Esclarecimentos Finais

1. A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é uma doença infecciosa não contagiosa.

2. As principais pessoas que contraem a doença são, de algum modo, imunodeficientes, desnutridas e convalescente de doenças graves em sua grande maioria.

3. A LVC é uma doença totalmente tratável e curável clinicamente, mas como a grande maioria de doenças causadas por protozoários (ex: Doença de Chagas nos seres humanos), o portador geralmente não obtém a cura parasitológica, assim no cão como no ser humano.

4. A Organização Mundial de Saúde não recomenda a eutanásia como método de controle da LVC, e segue o exemplo de países de 1º mundo, como Espanha, França, Itália e Alemanha que tratam seus animais regularmente.

5. A Constituição Federal do Brasil garante ao proprietário que o mesmo não é obrigado a sacrificar o seu cão, pois é sua propriedade, e se o Poder Público o fizer, poderá ser acionado por crime de Abuso de Autoridade (o servidor público) e ainda responder por danos materiais e morais, se assim o desejar o proprietário.

6. Recomendamos o tratamento do animal desde que com o acompanhamento e responsabilidade do médico veterinário habilitado para garantia do proprietário, seu animal e de toda a população.

7. Frisamos que os trabalhos científicos respeitáveis apontam como métodos efetivos de controle da doença o uso regular de coleiras e produtos inseticidas nos cães e o desenvolvimento de vacinas, não sendo, de modo algum, recomendada a eutanásia como método de controle da LVC ou Calazar.

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Um Comentário

  1. Muito bom estes esclarecimentos feitos pelo Dr. Ary, que demonstra ser um profundo conhecedor da problemática. Eu que achava que o cachorro com esta doença não tinha cura, agora sei que tem tratamento e fica a prefeitura matando animais sem saber se tem o calazar de verdade. Cadê a saúde do município? Não tem veterinário não?

  2. Uma atitude a prefeitura tem que tomar com relação a enorme quantidade de cães soltos na cidade colocando a vida das pessoas que andam de moto em perigo.Logo cedo da manhã na av.Petrônio Portela tem uma matilha de cães soltos,uma outra coisa era bom que estas pessoas que fazem caminhada controlassem seus cães para não andarem no meio da pista.GENTE,MEIO DE ESTRADA E PISTA NÃO É LUGAR DE PESSOAS NEM DE ANIMAIS.

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