Se as perspectivas da Organização Mundial da Saúde (OMS) se confirmarem, em 20 anos a depressão será a doença mais comum no mundo. Relatório sobre o assunto foi divulgado recentemente pela entidade.
O maior foco do problema serão os países pobres, incluindo o Brasil. A doença atinge hoje mais de 121 milhões de pessoas. Além disso, estima-se que pelo menos 17,5% da população brasileira apresentará um episódio depressivo ao longo da vida. Ainda assim, é grande o desconhecimento em relação aos sintomas e às causas da doença.
Segundo o psiquiatra Acioly Lacerda, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), um dos erros mais comuns é confundir a depressão com uma simples tristeza.
O diagnóstico da doença está relacionado a sintomas mais específicos, como a perda de interesse por atividades antes prazerosas, a ansiedade e a angústia exageradas, entre outros fatores.
Para ajudar a desfazer essas e outras confusões comuns a respeito do assunto, o especialista respondeu 10 questões sobre a síndrome, confira.
1) O que é depressão?
É uma doença complexa, que afeta corpo e mente. Ela provoca sintomas emocionais e físicos, interferindo na habilidade para trabalhar, estudar, comer, dormir e apreciar atividades antes agradáveis.
2) Tristeza e depressão são a mesma coisa?
Não. Tristeza isolada não é depressão. Assim como a ansiedade, ela faz parte da experiência psíquica normal.
3) Quais são as causas da depressão?
As causas da doença ainda são desconhecidas, embora a teoria neuroquímica seja a mais aceita atualmente. Ela sugere que uma disfunção no sistema nervoso central, que causa a diminuição dos neurotransmissores serotonina e noradrenalina, seja a responsável tanto pelo aparecimento dos sintomas emocionais quanto físicos da depressão.
4) Quais são os principais sintomas?
Os principais sintomas emocionais são tristeza prolongada, perda de interesse pela vida, ansiedade e angústia exageradas, desesperança, estresse, sensação de culpa frequente, perda da libido, dificuldade de raciocínio, indecisão, baixa autoestima, alterações no sono e ideação suicida. Já os sintomas físicos mais comuns são: baixa energia, alterações no sono, dores inexplicáveis pelo corpo (sem causa clínica definida), alterações no apetite, alterações gastrintestinais e psicomotoras.
5) Que sinais comprovam um quadro de depressão?
Para receber o diagnóstico de depressão, a pessoa deve reunir pelo menos cinco dos sintomas citados, sendo que um deles tem de ser a tristeza ou a perda do interesse por atividades antes prazerosas.
6) Se estiver com esses sintomas, onde devo procurar ajuda?
O ideal é buscar o auxílio de um médico psiquiatra, o profissional mais indicado para diagnosticar e tratar a depressão.
7) Todas as pessoas estão sujeitas a desenvolver quadros de depressão?
Sim, mas alguns fatores aumentam a predisposição à doença: – fator genético – história familiar de depressão; – estresse crônico – situações repetidas de estresse; – perdas parentais precoces – morte de um dos genitores na infância; – história de qualquer tipo de abuso na infância; Nas mulheres, os períodos pré-menstrual, pós-parto e de menopausa são os que oferecem maior risco para o desenvolvimento da doença.
8) Há uma faixa etária em que há mais vulnerabilidade à doença?
Sim. A maioria dos casos de depressão acomete indivíduos entre 20 e 40 anos de idade. Mas vale ressaltar que o mal também pode afetar crianças e idosos, embora em menor proporção.
9) Como é o tratamento?
A maioria (cerca de 2/3) dos pacientes com depressão apresenta dores persistentes combinadas com sintomas emocionais. Assim, o ideal é que a doença seja tratada com psicoterapia e antidepressivo de dupla ação, como a duloxetina. Essa classe de medicamentos age de forma equilibrada, regulando a serotonina e a noradrenalina, e ainda ajuda a combater os sintomas físicos. Porém, a terapêutica pode ser mudada de acordo com o perfil de cada paciente. Por isso mesmo, o acompanhamento médico é indispensável.
10) A depressão tem cura?
O objetivo central do tratamento é melhorar os sintomas. Porém, como grande parte das doenças, há sempre um risco de o paciente apresentar recaída no futuro (cerca de 80% das pessoas que apresentaram um episódio depressivo poderão sofrer com um ou mais episódios durante a vida). Portanto, a depressão é, na maioria das vezes, uma doença crônica, assim como a diabetes e a hipertensão. Vale lembrar, no entanto, que, recebendo o tratamento adequado, a pessoa deprimida pode levar uma vida absolutamente normal.
Fonte: Terra