Territórios dos Cocais inaugura unidade produtiva do Crédito Fundiário
Cerca de 200 pessoas do município de Esperantina e convidados participaram da inauguração do primeiro projeto “Nossa Primeira Terra” do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) da cidade.
Para comemorar o projeto de 14 famílias de jovens trabalhadores rurais, a conclusão das obras de construção de suas casas, da rede de abastecimento de água e de energia elétrica, foi realizada uma grande festa na última sexta-feira (21), com a presença de governantes, políticos e comunidade local.
Veridiana Barros da Silva é secretária da associação. Ela tem 21 anos de idade, é casada, tem um filho pequeno e sua principal atividade, bem como a da maior parte das mulheres da região, é a extração da polpa do Babaçú. São as “quebradeiras de Coco”. O alimento é colhido na propriedade de 200 hectares que negociaram e adquiram pelo Crédito Fundiário no valor de R$ 25 mil.
“As mulheres de cada uma das famílias produzem cerca de 20 litros de azeite de Babaçú por semana, vendidos a R$ 4 reais o litro”, explicou Veridiana.
Este valor, mais a contribuição dos homens através do cultivo de roças, garantem o pagamento do crédito adquirido. Em outubro vence a primeira de 12 prestações, cada uma no valor de R$ 1.400, divididos entre as famílias. Isto resulta em R$ 100 reais anuais individuais (R$ 9 reais ao mês). Os jovens recebem benefícios para o pagamento da terra de até 10% de desconto nos valores da terra negociados abaixo do preço de mercado e 30% para pagamentos efetuados no prazo.
O Programa Nacional de Crédito Fundiário e coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e executado em parceria com os governos estaduais. Os Conselhos de Desenvolvimento Locais, os sindicatos e as famílias beneficiadas são quem promovem o controle social sobre as atividades. As contratações e o acompanhamento dos projetos e realizado pela Unidade Técnica Estadual.
Os recursos do Crédito Fundiário são provenientes do Fundo de Terras e da Reforma Agrária e com recursos da União. O projeto contou com R$ 182.800, dos quais R$ 153 mil representam repasse direto do Governo Federal aos trabalhadores rurais.
Solenidade
A inauguração da Unidade Produtiva contou com a participação do secretario de Reordenamento Agrario, Adhemar Lopes de Almeda, do prefeito de Esperantina, Francisco Antonio, do coordenador estadual do Credito Fundiario, Francisco das Chagas (Chicao), entre outros.
O prefeito da cidade, apresentou iniciativas aos jovens como a realização de um curso de artesanato cuja matéria-prima utilizada é a cerâmica branca, como é chamada a terra da região. “O Presidente Lula fez daqui um local digno para se morar. Agora e preciso produzir como garantia da qualidade de vida. Precisamos implantar um projeto produtivo que gere renda para a região”, afirmou.
O coordenador estadual do Crédito Fundiário, Francisco das Chagas (Chicão), reforçou o papel que os jovens tem na organização e na consolidação do projeto.
Adhemar Lopes de Almeida, secretario nacional de Reordenamento Agrario, falou sobre a importância dos jovens acessarem o Pronaf A. “Cada familia poderá obter um credito de mais R$ 21.500 para investir num projeto produtivo que seja relevante para a região”, afirmou.
Homenagem
Um minuto de silêncio foi solicitado para homenagear o ex-presidente do grupo, Antônio Carlos Queiroz, morto no início do ano por um raio. Devido ao incidente, o projeto que se chamava “Pedras” passou a apresentar o nome do jovem que contribuiu para a organização dos jovens ali prestigiados.
História
Francilene Gomes da Silva, de 25 anos, secretária da Comissão Municipal de Jovens Trabalhadores/as Rurais, conta como contribuiu para a organização do grupo. Eles participavam do Projeto “Jovem Saber”, para formação e inclusão social de jovens em políticas públicas voltadas para as áreas de educação, moradia e direitos e deveres.
Através do Sindicato, os jovens obtiveram conhecimento sobre o Crédito Fundiário, se uniram, negociaram a terra e montaram uma proposta de financiamento.
“Os jovens precisam de acesso às políticas com agilidade. Sem recursos para a produção a mobilização das famílias perde a forca, porque os jovens começam a deixam o campo. Este programa e bom por isso, incentiva o jovem a permanecer na sua terra”, explicou Francilene.
Nossa Primeira Terra
O “Nossa Primeira Terra” é um adicional criado para incentivar a formação de grupos de jovens rurais de 18 a 28 anos. Eles recebem o financiamento e mais R$ 1.500 por família, para investir no projeto produtivo da propriedade, para construir benfeitorias de uso comum pelo conjunto dos moradores e também na preservação ambiental.
A propriedade conta com área de Reserva Legal equivalente a 20% de sua extensão, ou seja, de 40 hectares. Outro incentivo, destinado a ações de convivência com o semiárido, de R$ 3 mil por família, possibilitou o cercamento da área para sua preservação.
Fonte: MDA