“Era para passar alguns dias e voltou em um caixão”, diz prima após morte de criança espancada
O corpo da pequena Anna Kerolayne Gomes Nunes, de apenas 3 anos, está sendo velado na manhã dessa terça-feira (23) na residência da família paterna no bairro Lourival Parente, na zona Sul de Teresina.
A família está arrasada com crueldade de uma mãe e um padrasto que espancaram e mataram a criança.
O pai da menina, Carlos Jeferson, está preso por roubo e foi autorizado pela Justiça, para ver a Anna Kerolyne ainda na segunda-feira (22) para receber a notícia de morte encefálica e o desligamento do suporte artificial. Ele não deve comparecer ao enterro, que será realizado hoje no cemitério Santa Cruz, às 16h.
A empresária Vanda Barros, prima do pai, ajudava a avó paterna a cuidar das crianças em Teresina. Em janeiro deste ano, a família foi surpreendida quando a mãe decidiu pegar Anna Kerolayne e a irmã de 4 anos para cuidar e levou elas para a cidade de Esperantina (a 190 km da capital). Desde então a família nunca mais conseguiu ver elas, até serem informados que a caçula tinha sido internada e estava em coma.
Agora a família pede por Justiça e que os culpados permaneçam presos.
“Cuidei da Ana um bom tempo na minha residência, e a avó paterna cuidava também, todo mundo ajudava a dar suporte para a criança. Até que a mãe disse que estava com saudades e a avó, permitiu que houvesse esse encontro da mãe e filha. Só que ela acabou decidindo levar as crianças para Esperantina. A avó já havia matriculado as crianças e esperava o retorno, mas esse retorno não aconteceu. Não devolveram as crianças. E aí aconteceu isso com a Anna. A gente está arrasado, destruído por dentro. A gente quer Justiça. Era para passar alguns dias e ela voltou em caixão para a gente”, lamentou Vanda.
A menina era muito doce e alegre. “Uma criança muito doce, muito amada, muito amada por todos. Era uma criança que abraçava todo mundo, gostava de todo mundo. A gente está sofrendo muito”, afirmou.
As agressões
A família ainda não consegue entender a crueldade e todos os machucados que a menina Anna Kerolyne tinha pelo corpo.
“A Anna ela teve uma grande lesão cerebral e também duas clavículas quebradas, ela teve uma parada renal e ela não tinha mais estímulos, daí então foi aberto um protocolo na quinta-feira, no HUT, para a morte encefálica. Eles vinham fazendo os exames, os testes, até que ontem foi confirmada a morte cerebral da Ana. Acredito sim que bateram muito nela, inclusive ela tem alguns machucados antigos pelo corpo”, informou.
O pai da menina, que se encontra preso, já tinha alertado que a mãe batia nas crianças.
“Ele pediu que a minha tia, que é a avó paterna, cuidasse das crianças, porque dizia que a mãe batia nas meninas e ele tinha medo que viesse acontecer alguma coisa com as meninas. Mas eu não sei se ela agredia ou não as crianças, mas eu afirmo que dessa vez ela vai agredida e que o culpado tem que pagar por isso”, destacou.
O laudo emitido pelo Instituto de Medicina Legal (IML) apontou que ela teve traumatismo cranioencefálico, torácico e abdominal.
A irmã de Anna, uma menina de 4 anos, já está com a família paterna em Teresina, e segundo a família, não apresenta sinais de agressões, mas também esperam investigação por parte da polícia.
A mãe e o padrasto de Anna Kerolayne tiveram prisão temporária decretada ontem e o Polícia Civil de Esperantina cumpriu o mandado. Os dois devem ser indiciados pelo crime de homicídio qualificado pela tortura.
Por Barbara Rodrigues