A Secretaria Estadual de Saúde decretou estado de alerta contra o ebola depois que o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso suspeito da doença no Brasil.
A diretora de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, Telma Evangelista, afirmou que o estado de alerta foi decretado para o ebola e para a doença chikumgunya, que já tem 1.300 casos no Brasil e provoca febre, fortes dores articulares, que pode ficar crônica por uma semana, um mês, um ano ou pela vida toda.
Telma Evangelista afirmou que o Instituto de Doenças Tropicais Nathan Portella já tem dois leitos para receber os casos de suspeitas do ebola no Piauí, mas o número de equipamentos de proteção dos ,médicos, enfermeiros e auxiliares ainda é pequeno, apenas seis kits.
Evangelista declarou que a Secretaria Estadual de Saúde está convocando os prefeitos e secretários municipais de saúde para uma reunião na quarta-feira ou quinta-feira para tratar as providências relacionadas com o ebola e chikumgunya.
“Temos que admitir que não estávamos esperando que a chega do ebola no Brasil ocorresse tão rápido. Esperávamos que isso ocorresse mais tarde, não com tanta rapidez”, declarou Telma Mesquita. Segundo ela, o Ministério da Saúde já treinou infectologistas do Instituto de Doenças Tropicais Nathan Portella, do Hospital Getúlio Vargas (HGV) e Hospital de Urgência de Teresina (HUT) para o tratamento de pacientes com sintomas do ebola.
Telma Mesquita disse que no Aeroporto de Teresina Petrônio Portella, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Corpo de Bombeiros estão em alerta para os casos de casos suspeitos da doença.
O transporte do paciente só pode ser feito por uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e levado diretamente para o Instituto de Doenças Tropicais Nathan Portella.
Em seguida, o Ministério da Saúde enviará um avião para levar o paciente com sintomas do Ebola para o Rio de Janeiro, onde será atendido pelo hospital de referência para a doença, o Emílio Ribas.
Telma Evangelista declarou que a Secretaria Estadual de Saúde aderiu a um pregão eletrônico para a compra de 9 mil equipamentos de segurança pessoal para os profissionais que irão tratar os pacientes com ebola, mas como demora a chegada do material, vai comprar antes, os kits, em caráter de emergência.
Ministério da Saúde anuncia o primeiro caso suspeito de Ebola no Brasil
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, prestou esclarecimentos na sexta-feira sobre o primeiro caso suspeito de Ebola no Brasil. O paciente, de origem da Guiné (país que registra epidemia da doença) foi atendido na Unidade de Pronto Atendimento de Cascavel (PR) e transferido para o Instituto de Infectologia Evandro Chagas (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Durante a entrevista, o ministro explicou que a situação está sob controle e que todos os procedimentos previstos nos protocolos brasileiros foram aplicados com êxito.
“O sucesso da operação se deve à pronta ativação dos protocolos que foram seguidos, de maneira exemplar, pelos profissionais de saúde de Cascavel. Eles identificaram o caso suspeito, realizaram o isolamento adequado do paciente e notificaram imediatamente às autoridades”, observou.
O ministro também destacou o êxito no transporte e atendimento do paciente no Instituto de Infectologia Evandro Chagas. O resultado do exame, que irá confirmar ou descartar o caso, deverá ser concluído em até 24 horas. Nas duas hipóteses, ou seja, se caso for confirmado ou descartado, será feito um segundo exame, que deverá ficar pronto em 48 horas, após a primeira coleta.
O homem, de 47 anos, saiu de Guiné, na África Ocidental, no dia 18 de setembro, com conexão em Marrocos, e chegou ao Brasil em 19 de setembro. O caso suspeito informou ter começado a sentir os primeiros sintomas na última quarta-feira (08) e procurou atendimento médico nessa quinta-feira na UPA de Cascavel.
No momento em que foi atendido na UPA, o caso suspeito só apresentava febre, sem os outros sintomas típicos da doença, como diarreia, vômitos. Seu estado de saúde é bom e está mantido em isolamento total. No Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro (RJ), foi colhido sangue e enviado para análise laboratorial no Instituto Evandro Chagas, no Pará, que pertence à Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. Além do Ministério da Saúde, participaram da ação a Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel e as secretarias dos estados do Paraná e do Rio de Janeiro, Instituto de Infectologia da Evandro Chagas (Fiocruz) e o Instituto Evandro Chagas, no Pará.
Para colocar em prática as medidas adotadas pelo Governo Brasileiro em resposta a um eventual caso suspeito de Ebola em viajante internacional, foram realizados simulados em aeroportos do Rio de Janeiro (29 de agosto) e São Paulo (16 de setembro). As simulações serviram como treinamento das instituições envolvidas na detecção e resposta, em condições que simulam um caso real.
O ministro avaliou que os simulados foram muito importantes e serviram de aprendizado para calibrar o tempo de resposta e checar procedimento.
“Mas a situação real é diferente, o que envolve o estresse e urgência diferentes. Isso reforça ainda mais o êxito das medidas tomadas pelo Brasil”, ressaltou. Chioro anunciou que o próximo simulado, coordenado pelo Ministério da Saúde, será no Porto de Santos.
O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, que também participou da entrevista coletiva, destacou que todos os possíveis contatos do paciente foram investigados.
“Todos são considerados de baixo risco para contágio, de acordo com os protocolos internacionais. Isso porque o paciente não vomitou, não apresentou hemorragia e nem tem diarréia. Então, nenhum dos contactantes teve contato com sangue ou fluidos corporais dele, que são a via de transmissão”, ressaltou Barbosa. Entretanto, ele esclareceu que todos serão monitorados pela equipe de investigação por 21 dias, período máximo de incubação.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) veicula mensagem sonora nos aeroportos brasileiros com recomendações a passageiros de voos internacionais com sintomas como febre, vômito, diarreia, sangramento, manchas no corpo ou tosse a procurar atendimento médico, além de orientar a informar ao profissional de saúde os países em que passaram.
O Governo Federal doou R$ 1 milhão para a Organização Mundial da Saúde (OMS), com o objetivo de fortalecer as ações para a interrupção da transmissão do ebola nos países acometidos pela epidemia. Além disso, o Ministério da Saúde enviou, no total, 14 kits para Libéria, Serra Leoa e Guiné. Compostos por 48 itens, sendo 30 tipos de medicamentos, incluindo antibióticos e anti-inflamatórios, e 18 insumos para primeiros-socorros, como luvas e máscaras, cada kit pesa 250 kg e é capaz de atender 500 pessoas por três meses.
Por Efrém Ribeiro