Em missa do conclave, cardeal pede ‘papa que a humanidade precisa’
Durante a homilia, o cardeal Re convidou à oração, à escuta do Espírito Santo e ao fortalecimento da comunhão
A missa Pro Eligendo Romano Pontifice, celebrada nesta quarta-feira (7) na Basílica de São Pedro, marcou a abertura do processo que levará à escolha do novo Papa.
Presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, e concelebrada pelos demais cardeais, a cerimônia reuniu milhares de fiéis em clima de oração e expectativa pela definição do sucessor de Pedro. As informações são do Vatican News.
A ORAÇÃO
Durante a homilia, o cardeal Re convidou à oração, à escuta do Espírito Santo e ao fortalecimento da comunhão.
“Nos Atos dos Apóstolos, lê-se que, após a ascensão de Cristo ao céu e enquanto aguardavam o dia de Pentecostes, todos perseveravam unidos em oração com Maria, a Mãe de Jesus (cf. At 1,14). É exatamente isso o que nós também estamos fazendo, a poucas horas do início do Conclave, sob o olhar da Virgem Maria, colocada ao lado do altar nesta Basílica que se ergue sobre o túmulo do Apóstolo Pedro”, afirmou.
Re ressaltou a importância de invocar o Espírito Santo neste momento decisivo: “Sentimos unido a nós todo o povo de Deus, com seu sentido de fé, de amor ao Papa e de espera confiante.” Ele acrescentou que os cardeais estão reunidos “para implorar sua luz e sua força, a fim de que seja eleito o Papa de que a Igreja e a humanidade precisam neste momento tão difícil e complexo da história.”
Segundo o decano, a oração é essencial neste processo: “Rezar, invocando o Espírito Santo, é a única atitude justa e necessária, enquanto os Cardeais eleitores se preparam para um ato de máxima responsabilidade humana e eclesial e para uma escolha de excepcional importância; um ato humano pelo qual se deve deixar de lado qualquer consideração pessoal, tendo na mente e no coração apenas o Deus de Jesus Cristo e o bem da Igreja e da humanidade.”
Ao comentar a liturgia do dia, Re concentrou-se na mensagem do Evangelho segundo João: “Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15,13). E destacou: “O amor que Jesus revela não conhece limites e deve caracterizar os pensamentos e ações de todos os seus discípulos, que devem sempre demonstrar amor autêntico em seu comportamento e empenhar-se na construção de uma nova civilização — aquela que Paulo VI chamou de ‘civilização do amor’. O amor é a única força capaz de mudar o mundo.”
O cardeal também destacou a missão dos pastores e a necessidade de promover a unidade dentro da Igreja: “Entre as tarefas de cada Sucessor de Pedro está a de promover a comunhão: comunhão de todos os cristãos com Cristo, dos bispos com o Papa, e entre os próprios bispos. Não uma comunhão autorreferencial, mas totalmente orientada para a união entre as pessoas, os povos e as culturas — sempre com o objetivo de que a Igreja seja ‘casa e escola de comunhão’.” Ele ressaltou ainda que a unidade desejada por Cristo não significa uniformidade, mas uma comunhão sólida na diversidade, desde que fiel ao Evangelho.
Ao abordar a relevância do momento, Re afirmou: “A eleição do novo Papa não é uma simples sucessão de pessoas, mas é sempre o Apóstolo Pedro que retorna”, reforçando que o Papa “é a rocha sobre a qual a Igreja é edificada” (cf. Mt 16,18). Referindo-se à Capela Sistina, local do conclave, destacou: “Os cardeais eleitores expressarão seu voto na Capela Sistina, onde, como diz a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, ‘tudo concorre para avivar a consciência da presença de Deus, diante do qual deverá cada um apresentar-se um dia para ser julgado’.”
REFLEXÃO DO Papa São João Paulo II
Re também citou uma reflexão do Papa São João Paulo II: “Nas horas da grande decisão através do voto, a imagem imponente de Cristo Juiz, pintada por Michelangelo, lembrará a cada um a grande responsabilidade de colocar as ‘chaves supremas’ nas mãos certas.”
Encerrando sua homilia, o cardeal fez um apelo à oração coletiva da Igreja por um pontífice que compreenda os desafios do presente: “Oremos para que Deus conceda à Igreja o Papa que melhor saiba despertar as consciências de todos e as energias morais e espirituais na sociedade atual, caracterizada por um grande progresso tecnológico, mas que tende a esquecer Deus.” E concluiu: “O mundo de hoje espera muito da Igreja para a salvaguarda daqueles valores fundamentais — humanos e espirituais — sem os quais a convivência humana nem será melhor nem beneficiará as gerações futuras. Que a Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, nos auxilie com sua materna intercessão, para que o Espírito Santo ilumine as mentes dos cardeais eleitores e os torne concordes na eleição do Papa de que o nosso tempo necessita.”
Por Ananda Soares