Conclave: Fumaça branca no Vaticano sinaliza ao mundo que novo Papa foi escolhido
Nome do Sumo Pontífice deve ser anunciado em instantes; eleição foi mais rápida do que o esperado, uma vez que não havia um favorito claro na disputa
A Igreja Católica já tem um novo Sumo Pontífice. A fumaça branca que saiu da chaminé da Capela Sistina nesta quinta-feira, sinalizou ao mundo que os 133 cardeais eleitores definiram um novo Papa para suceder Francisco, morto em abril.
Ao mesmo tempo, tocaram os sinos da Basílica de São Pedro. A eleição foi mais rápida do que o esperado, uma vez que não havia nenhum favorito claro na disputa. O nome do escolhido deve ser anunciado em instantes.
O novo Papa terá uma série de desafios ao longo de seu pontificado. Ao mesmo tempo em que havia, durante o período de Sé Vacante, uma expectativa de que o sucessor pudesse perpetuar o chamado “efeito Francisco” — ideia de que uma pessoa carismática, inclusiva e de consciência moral no cenário geopolítico pode atrair novos seguidores e católicos que se afastaram da Igreja —, o novo Bispo de Roma terá que enfrentar temas sensíveis, como pedofilia, diplomacia, mulheres, finanças, divisões internas.
A escolha do novo ocupante do Trono de São Pedro no segundo dia de conclave segue uma tradição recente de definições rápidas no conclave. Os papas Francisco e Bento XVI também foram eleitos no segundo dia de votação, enquanto o Papa João Paulo II foi eleito no terceiro dia. No último milênio, os conclaves mais longos duraram no máximo cinco dias.
Em 1939, o cardeal Eugenio Pacelli, de Roma, foi escolhido para suceder o Papa Pio XI já na terceira votação, em um conclave realizado de 1 a 2 de março. Na ocasião, todos os 62 cardeais participaram da escolha. Pacelli, que era o camerlengo (responsável por governar o Vaticano na ausência do Papa) e cardeal secretário de Estado, adotou o nome de Pio XII.
Foi o conclave mais curto do século XX e o último a incluir todos os cardeais vivos (sem restrição de idade). Pacelli foi o primeiro Papa nascido em Roma desde Inocêncio XIII, em 1721, e o primeiro membro da Cúria Romana a se tornar Papa desde Leão XIII, em 1878. Outro cardeal da Cúria não seria eleito papa até o conclave de 2005, quando o alemão Joseph Aloisius Ratzinger (1927-1922) adotou o nome de Bento XVI.
- Capela Sistina em gráficos interativos: conheça o local onde cardeais se reúnem para escolher o novo Papa
Quatro séculos antes, em 1503, o conclave que elegeu Pio III durou apenas algumas horas, mas naquele tempo o Vaticano ainda não utilizava fumaça para anunciar a escolha de um novo Papa.
Em “Behind Locked Doors” (Atrás de portas trancadas), uma história das eleições papais de 2003, Frederic J. Baumgartner escreveu que a primeira evidência que encontrou de fumaça sendo usada como sinal em uma eleição papal foi em 1823. As cédulas dos cardeais foram queimadas em conclaves anteriores, escreveu ele, mas não havia registro de que a fumaça tivesse a intenção de informar ao mundo exterior sobre um novo Papa.
- A fumaça vem da queima das cédulas, bem como de quaisquer anotações que os cardeais tenham feito, que são colocadas em um fogão de ferro fundido após cada rodada de votação. Uma rodada é realizada no primeiro dia e quatro a cada dia a partir de então, sendo duas pela manhã e duas à tarde. As cédulas são queimadas após duas rodadas de votação, a menos que um Papa seja escolhido.
Como a fumaça fica branca ou preta?
Durante décadas, o modo como essas cores são adicionadas à fumaça permaneceu um mistério. O Vaticano revelou seu segredo em 2013, por ocasião do conclave que elegeu o Papa Francisco. Em comunicado, explicou que ambas as receitas são fórmulas pirotécnicas bastante comuns.
As fumaças são geradas pela queima das cédulas eleitorais em um fogareiro especial na Capela Sistina. Para evitar dúvidas, naftalina e lactose são adicionados para gerar, respectivamente, a fumaça preta e a branca. Desde 2005, um sistema garante que as cores sejam nítidas — e que os fiéis não precisem mais interpretar a fumaça à distância, como acontecia no passado.
A fumaça branca combina clorato de potássio, açúcar de leite (que serve como um combustível facilmente inflamável) e breu de pinho. Já a fumaça preta usa perclorato de potássio e antraceno (um componente do alcatrão de carvão), com enxofre como combustível. O clorato e o perclorato de potássio são compostos relacionados, mas o perclorato é preferido em algumas formulações por ser mais estável e seguro.
Os produtos químicos são inflamados eletricamente em um fogão especial usado pela primeira vez no conclave de 2005, segundo a declaração. O fogão fica na Capela Sistina ao lado de um fogão mais antigo no qual as cédulas são queimadas; a fumaça colorida e a fumaça das cédulas se misturam e sobem por um longo tubo de cobre até o teto da capela, onde a fumaça é visível da Praça de São Pedro. Um fio de resistência é usado para pré-aquecer a chaminé para que ela seja aspirada adequadamente, e a chaminé tem um ventilador como reserva para garantir que nenhuma fumaça entre na capela.
(Com The New York Times)