Com o tema “A saúde ambiental na cidade, no campo e na floresta: construindo cidadania, qualidade de vida e territórios sustentáveis”, foi realizado na última quinta-feira (29) e terminou no último sábado (31), I Conferência Estadual de Saúde Ambiental. O evento foi sediado no Atlantic City.
A ação humana sobre a natureza tem causado impactos cada vez mais graves sobre a saúde humana e os ecossistemas do planeta. Associada a um panorama de desigualdades sociais e econômicas, a degradação ambiental aponta para conseqüências que já vivemos no presente: o esgotamento dos recursos naturais; os processos acelerados de desertificação; a intensificação de eventos climáticos extremos; a crise urbana relacionada à carência de serviços de saneamento básico, habitação, transporte e segurança pública; poluição química de ambientes urbanos e rurais; e a emergência e reemergência de doenças.
Estes problemas são interdependentes, seus impactos vão além das fronteiras locais e seus efeitos são produzidos e sentidos pelas populações. A busca de soluções para este quadro diversificado requer a formulação e gestão de políticas públicas interdisciplinares, integradas, intersetoriais, participativas e territorializadas. Esses temas serão abordados pelos conferencistas e discutido em âmbito nacional em dezembro, durante a etapa nacional.
Em depoimento gravado exclusivamente para as conferências estaduais, o ministro da saúde, José Gomes Temporão, disse que as doenças transmitidas por vetores e as infecciosas e parasitárias são as principais causas de internações no sistema único de saúde. “Os aspectos climáticos têm contribuído para o agravamento de muitas doenças, isso influi diretamente nas doenças causadas por fatores ambientais”, disse. Também enviaram vídeos sobre a conferência os ministros Carlos Minc, do Meio Ambiente e Marcos Fortes, das Cidades.
O secretário Assis Carvalho, presidente da conferencia, aproveitou a presença maciça de secretários e conselheiros municipais para falar sobre a CSS – contribuição social para a saúde, ainda em tramitação na esfera federal e da aprovação da emenda nº 29, que define sobre os gastos com a saúde pública. “Precisamos lutar para que esses dois projetos sejam aprovados para garantir um financiamento mais preciso para a saúde, incluindo os fatores ambientais, bem como saneamento básico e abastecimento regular de água”, disse.
“Os eventos externos, relacionados ao clima, estão se intensificando em nosso país, as conferencias são uma forma de cobrar mais recursos financeiros para investir em áreas essenciais, como a saúde, de forma planejada”, disse o diretor nacional de vigilância em saúde ambiental e saúde do trabalhador da secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Guilherme Franco Netto.
A outra conferencista da noite, Carmem Foro, secretária de meio ambiente da CUT e secretária nacional de mulheres rurais da Contag, destacou que estamos convivendo hoje com as conseqüências do modelo predatório de desenvolvimento. “O Brasil é campeão na utilização de agrotóxico, interferindo na vida dos trabalhadores do campo e da floresta de forma direta”, disse. Ela destacou também que a agricultura familiar deve ser estimulada, mas que precisa contar com um planejamento ambiental.
As etapas municipais foram realizadas até 30 de agosto e as estaduais e do Distrito Federal encerram neste mês de outubro. A etapa nacional da 1ª Conferencia Nacional de Saúde Ambiental vai acontecer em Brasília, no período de 9 a 12 de dezembro.