Polícia

Pai cobra por Justiça após morte de filha e prisão de empresário: “recebi minha filha em um caixão”

“Eu não esperava que iria receber a minha filha em um caixão”, disse o vendedor de frutas Maurício Lucas do Nascimento, de 51 anos, sobre a morte de sua filha caçula Kamila Carvalho do Nascimento, de 22 anos, na última sexta-feira (20).

O marido dela, o empresário Eliésio Marinho, alegou que foi um suicídio, mas ontem (23) ele foi preso, pois o laudo cadavérico apontou que o disparo foi à longa distância.

 

A morte levantou suspeitas e está sendo investigada pelo DHPP. A prisão surpreendeu a família da vítima.

 

“Eu fiquei sabendo pela televisão. Eu não achava que minha filha iria se matar, ela não tinha motivo para fazer aquilo. Eu não tinha muita certeza de que ele a matou, mas eu estava esperando a Justiça e o laudo da perícia, que apontou isso daí. Nunca acreditei nessa história de que ela se matou, ela nunca contou nada nesse sentido. Ela queria viver, era vaidosa, bonita, tinha tudo pela frente, não tinha motivo para se matar”, afirmou.

Segundo o pai, Kamila era bastante reservada, quieta e caseira, não costumava falar sobre o relacionamento.

“Ela era uma pessoa boa, tranquila, conversava pouco, educada demais, caseira. Ela não ficava falando do relacionamento dela, era reservada”, relatou.

 

O pai afirmou que somente uma vez ela relatou uma agressão. O caso ocorreu há cerca de um ano em uma churrascaria, onde teria levado um tapa do empresário por ciúmes.

 

“Eu estava trabalhando vendendo frutas na Coelho de Resende com a Avenida Frei Serafim, e ela me ligou pedindo para buscá-la, dizendo que não iria ficar apanhando de um homem na frente de todos em uma churrascaria. Eu a peguei e levei para casa, ficou umas duas semanas, até que um dia ele veio aqui buscá-la. Eu disse que esse relacionamento de vai e vem não dava certo, mas ela queria voltar. E então aconteceu algo assim”, lamentou.

Maurício afirmou que o empresário sempre passou a imagem de ser calmo.

“Eu não acreditava que algo assim poderia acontecer. Ele era calmo, tranquilo, e eu até pensava que ela estava em boas mãos, que ele era uma pessoa tranquila, mas não foi o que eu pensei, era outra coisa”, declarou.

Muito emocionado, o pai chorou ao falar sobre a perda.

 

“Não é fácil. A dor é grande, a pancada só sentimos quando ela atinge a gente. Estou passando por muita dor, choro muito, é muita tristeza. Minha filha era uma pessoa boa. Minha esposa está muito triste. Não é fácil. Ela era feliz e se envolveu com esse ser humano que fez isso com ela. Só quero justiça. Quem fez isso com ela tem que pagar”, disse o pai Maurício Nascimento.

Desde o crime, a família não conversou com o empresário, que nem mesmo compareceu ao velório realizado na residência da vítima no bairro São Pedro, na zona Sul. A filha do casal, de dois anos, está com os avós maternos.

 

“Trabalho há 36 anos vendendo frutas para dar o melhor para a minha família, cuidei das minhas filhas trabalhando naquele sinal e dando o melhor para elas, para chegar aqui e receber minha filha em um caixão, isso não pode. É muito doloroso. A mãe dela está aqui sob efeito de remédios, é muita dor, dor demais”, lamentou.

O caso segue sendo investigado pelo DHPP, e a prisão do empresário é temporária.

A prisão

O empresário Eliésio Marinho foi preso enquanto prestava depoimento na segunda-feira (23) no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), sobre a morte de sua esposa Kamila Carvalho do Nascimento, de 22 anos, na última sexta-feira (20), que levantou suspeitas.

A vítima foi encontrada caída no chão, ao lado da cama, com uma faca na mão e uma pistola ponto 40 próxima ao seu corpo na residência do casal no bairro Aeroporto, na zona Norte de Teresina.  Foi o advogado do empresário que acionou a Polícia Militar e informou sobre a ocorrência. O empresário já tinha saído do local com a filha do casal.

 

O empresário alegou que a esposa pegou a arma, colocou na cabeça e tirou a própria vida, mas o laudo cadavérico comprovou que o tiro foi a longa distância, a cerca de 40 cm.

 

 “Na madrugada, foi realizada a perícia, estamos ainda no aguardo dos laudos. Porém, existem algumas inconsistências. Então, através da análise do laudo cadavérico, nos trouxe que o disparo veio a longa distância. Então, não se enquadra muito com a tese que veio do companheiro dela, que ela teria ceifado a própria vida. Eu reitero que é uma prisão temporária, ou seja, tem um viés investigativo, alguns pontos ainda têm que ser esclarecidos. Estamos no aguardo do laudo de local de crime, temos 30 dias para finalizar o inquérito, podem haver a possibilidade de prorrogação”, afirmou a delegada Nathalia Figueiredo, do Núcleo de Feminicídio do DHPP.

Eliésio Marinho foi preso logo após prestar depoimento por meio de um mandado de prisão temporária. Na saída do DHPP ele chorou muito e chegou a falar: “me desculpe”.

 

 

Por Barbara Rodrigues

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