Os planos de saúde deverão ficar 11% mais caros por causa da nova cobertura, que vai incluir 70 exames médicos e odontológicos, além de ampliar o número de consultas com psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais a partir de segunda-feira (7). A estimativa é da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), entidade que responde pelas empresas que têm hospitais próprios.
O consumidor só sentirá o aumento por conta do novo rol de exames em meados de 2011, já que o valor do reajuste é calculado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) com base nos custos dos planos de saúde nos últimos 12 meses. Apesar de o aumento estar previsto só para o ano que vem, algumas operadoras já estão “antecipando” o reajuste, afirma o presidente da Abramge, Arlindo de Almeida.
– As empresas serão obrigadas a oferecer os 70 novos procedimentos imediatamente, só que o repasse só virá no ano que vem. Não existe isso! É como você levar uma televisão da loja de graça e pagar só depois. Por isso, algumas operadoras já estão aplicando entre 12% e 15% nos novos contratos. Elas estão tentando antecipar o impacto do novo rol.
A FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que representa 17 empresas responsáveis por cerca de 18 milhões de beneficiários (34% do total), preferiu não estimar o valor do reajuste. Isso porque o custo é calculado a partir do valor do procedimento multiplicado pelo numero de vezes que o exame é utilizado, informa a diretora-executiva da entidade, Solange Beatriz Mendes.
– Um exame pode ter um custo altíssimo, mas foi usado apenas uma ou duas vezes. Então, não significa nada para operadora. Não se sabe o tamanho dessa demanda. Por outro lado, pode vir uma avalanche de utilização dos exames e então ter um impacto maior.
Aumento em junho
Apesar de o reajuste que leva em conta os 70 novos exames só vir em 2011, o consumidor pode preparar o bolso agora: o governo vai determinar o aumento referente ao período entre maio de 2009 e maio de 2010 nos próximos dias. Ou seja, o plano de saúde vai ficar mais caro ainda em junho.
O aumento deverá ficar na casa de 4,5%, valor que deverá se aproximar da inflação do ano passado, que foi de 4,31%. No ano que vem, virão os outros 11%, estimados pela Abramge.
Para a diretora da FenaSaúde, “o governo tem a política de não repassar o valor integral dos custos para o consumidor”. Porém, segundo ela, “uma coisa é o repasse integral e outra coisa é ter o parâmetro da inflação na área de medicina, que é muito superior à inflação geral de preços”.
No período entre maio de 2009 e de 2010, a variação do custo médico foi de aproximadamente foi de 12%, segundo projeção da FenaSaúde.
De acordo com o último balanço da ANS, de março de 2010, há 42,9 milhões de pessoas com planos de assistência médica e 13,2 milhões de beneficiários com planos exclusivamente odontológicos no Brasil. Ao todo, existem 1.502 operadoras de planos privados de saúde.