Ministério nunca recebeu carta de Jivago pedindo a PF no Caso Fernanda

A carta que o empreiteiro Jivago Castro disse ter enviado ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, “implorando” a entrada da Polícia Federal no caso da jovem Fernanda Lages, nunca chegou àquela pasta. A informação foi confirmada ao Portal AZ pela assessoria de imprensa do próprio ministério. Portanto, se ela chegou realmente a ser protocolada, o ministro ainda não tomou conhecimento.

A carta é datada de 1º de novembro. O contato com a assessoria do Ministério da Justiça foi feito ainda no início da tarde desta quarta-feira (9), nove dias após o suposto envio da carta. “Peço, suplico e imploro ao senhor [ministro], que representa a igualdade dos cidadãos em nosso País, peço que interceda junto ao caso e que coloque a Policia (sic) Federal para investigar e esclarecer este triste episódio”, dizia o conteúdo.

No primeiro contato do Portal AZ com a assessoria de imprensa do ministro, por volta das 14h30 – horário de Brasília, se abordou três pontos: o primeiro sobre o pedido do governador Wilson Martins para entrada da PF no rumoroso caso; o segundo sobre o pedido do Ministério Público; e o terceiro e não menos importante, sobre o suposto envio da carta de autoria do empreiteiro Jivago Castro.

Em uma segunda ligação, duas horas depois do primeiro contato, portanto às 16h30, a assessoria do ministro José Eduardo Cardoso deu o resultado das primeiras checagens feitas sobre a tal carta: “nada foi encontrado”.

Chegou-se a dizer à assessoria que o teor da carta seria enviado via e-mail para facilitar a busca e identificação do documento. Porém, informaram que não era preciso porque com as dicas dadas pela reportagem durante o primeiro contato, o conteúdo foi encontrado na internet, divulgado que foi por Jivago para vários sites do Piauí, ao anunciar seu envio ao Ministério da Justiça.

Para ter total exatidão da informação publicada, a assessoria do ministro, neste segundo contato, pediu um tempo a mais e informou que iria verificar em “um último lugar”. E se não fosse detectada neste “lugar”, realmente a carta não havia chegado ao Ministério.

Por volta das 20h, a assessoria de comunicação do Ministro da Justiça voltou a entrar em contato e confirmar que “realmente” não houve protocolo de carta alguma, muito menos repasse pessoal ao ministro.

Teatro

“Para quem disse estar “sofrendo o pior pesadelo que um ser humano em vida pode suportar”, e que afirma querer a “minha vida de volta”, sendo necessária para isso a entrada da Polícia Federal no caso Fernanda Lages de forma rápida para dirimir as dúvidas, causa estranheza quase 10 dias depois do anúncio do envio da carta, o Ministério da Justiça não ter conhecimento de sua existência pelas vias oficiais, somente através da mídia, e após orientação do Portal AZ de como encontrá-la.

Veja abaixo a íntegra da carta:

“Um Brasileiro pede justiça.

Eu, Jivago de Castro Ramalho, brasileiro, piauiense, INOCENTE, vem diante de Ex.ª (sic) pedir JUSTIÇA.

Há sessenta dias que vivo no limbo da injustiça, sofrendo o pior pesadelo que um ser humano em vida pode suportar. Por pura maldade fui envolvido por um jornalista no crime de maior repercussão que se conhece na estória (sic) policial do estado do Piaui.

Por pura maldade tive meu nome vinculado ao crime em colunas de jornalista e portais. As redes sociais propagaram mentiras de forma virulenta e estórias absurdas repetidas milhares de vezes, viraram verdades no inconsciente popular.

O caso causou grande comoção em toda população de nosso estado. O sigilo necessário às investigações foi rompido pelas discussões diárias entre delegados e o MP, trocando acusações em canais de televisão. Meu nome virou combustíveis para a imprensa e o imaginário popular tratou de preencher as lacunas e produzir um condenado antes mesmo da policia (sic) ter um suspeito, pois ate (sic) hoje a policia (sic) não conseguiu sequer dizer o que aconteceu naquela manhã.

Fui investigado pela Policia (sic) Civil sob todas as formas e nada, absolutamente nada me liga a esse triste episódio. Contribui (sic) como pude com as investigações, inclusive indo voluntariamente coletar material para exame de DNA comparativo. Mesmo assim não tive direito sequer a presunção de inocência. Ate (sic) mesmo o fato de contratar advogados para minha defesa geraram mais ataques de uma massa amorfa e inconsciente (sic) cega pelo desejo de uma vingança social.

O sentimento de injustiça e indignação me consome. Primeiro me tiraram a tranquilidade, depois a liberdade de ser um cidadão na minha comunidade, por ultimo (sic), querem roubar a minha dignidade, atacando a minha honra e me acusando por algo que não fiz e nunca faria. O que já perdi é irreparável, mas quero (sic) minha vida de volta (sic) é direito meu não ser acusado de uma barbaridade que não cometi, quero JUSTIÇA.

Peço, suplico e imploro ao senhor, que representa a igualdade dos cidadãos em nosso País, peço que interceda junto ao caso e que coloque a Policia (sic) Federal para investigar e esclarecer este triste episódio. Como já é de conhecimento de Ex.ª, o Senhor Governador do estado do Piauí, Dr. Wilson Martins, pediu o apoio da Policia (sic) Federal para investigar a morte de uma jovem estudante de apenas 19 anos, encontrada morta dentro das obras do prédio da Procuradoria da República (sic) em Teresina (sic) dia 25 de agosto deste ano.

Nada temo, de já me coloco a disposição para novas investigações, meu sentimento comunga com o de toda sociedade de ver este caso esclarecido para que eu possa ter minha vida de volta e que se faça JUSTIÇA à família da jovem Fernanda.

Por fim peço ao senhor que faça um simples exercício de altruísmo como ser humano. Feche os olhos e se coloque no meu lugar, se imagine na minha situação. Tenho convicção que a compaixão o guiará a melhor e mais sabia decisão.

Que Deus o Ilumine”.

Jivago Castro

Teresina, 01 de novembro de 2011

Fonte: Portal Az]]>