O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se entregou, na tarde deste sábado (7), à Polícia Federal, para cumprir pena por corrupção e lavagem de dinheiro.
Um veículo sem identificação tentou buscar o ex-presidente por volta das 16h58, mas não obteve sucesso, já que militantes impediram a passagem do veículo em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos e ele teve que retornar ao interior do prédio.
Já por volta das 18h45, Luis Inácio Lula da Silva conseguiu deixar a sede do sindicato e seguir o comboio da PF.
Antes disso, a presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, havia subido ao caminhão de som para negociar com as centenas de pessoas que estão acampadas ao redor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista, em São Bernardo (SP). Nesse caso, os manifestantes tiveram até 30 minutos para saírem, ou seja, até às 18h30. Caso contrário, a tropa de choque da Polícia Federal iria chegar ao local, o que poderia representar risco para as pessoas acampadas.
“A foto que eles queriam do Lula preso, não é a foto que circulará no mundo. A foto que vai circular no mundo é de Lula sendo carregado nos
Em discurso mais cedo, Lula negou os crimes pelos quais foi condenado (saiba mais). Foi a primeira vez que ele falou desde sua ordem de prisão, expedida na quinta-feira (5).
“Não estou escondido. Vou lá na barba deles, pra eles saberem que eu não tenho medo e vou provar a minha inocência”, afirmou.
Lula foi condenado em duas instâncias da Justiça no caso do triplex em Guarujá (SP). A pena definida pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) é de 12 anos e 1 mês de prisão, com início em regime fechado, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Para o ex-presidente, a Justiça julgou seu caso pressionado pela opinião pública.
“Você não pode fazer julgamento subordinado à imprensa, porque você destrói a pessoa na sociedade. Eu não posso ir contra à opinião pública [pensa o juiz], quem quiser votar com base na opinião pública, que largue a toga e entre em um partido político”, disse.
O ex-presidente pediu que que o juiz Sérgio Moro mostrasse alguma prova, e diz dormir com a consciência tranquila.
“Eu não tenho medo deles, eu até já falei que gostaria de fazer um debate com Moro sobre a denúncia que ele fez contra mim, gostaria que ele me mostrasse alguma prova. Qual o crime que cometi neste país? […] porque sonhei que era possível governar esse país envolvendo milhares de pessoas pobres, dar vagas nas universidades e empregos para os pobres?”, questionou.
“Nenhum deles [Moro, Dallagnol] tem coragem ou dorme com a consciência tranquila, com a honestidade e inocência que eu durmo, nenhum deles. Eu não estou acima da Justiça, se eu não acreditasse da Justiça, eu não teria feito um partido político, teria proposto revolução, acredito na Justiça, mas na a Justiça justa, baseada nas acusações, na prova concreta. Eu não posso admitir um procurador que fez um power point dizendo que o PT é uma organização criminosa criada para roubar o país e que o Lula é o chefe‘ eu não preciso de provas, eu tenho convicção’, disse ele. Eu quero que ele guarde a convicção dele para os comparsas e aceclas dele. Não pra mim”, disse.
Lula saiu do prédio do sindicato às 10h40 deste sábado, após ficar dois dias dentro do prédio, desde quando o seu mandado de prisão foi expedido, na quinta-feira (5).
Ao lado do ex-presidente, em cima do caminhão, estavam a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, o líder do MTST Guilherme Boulos, a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, Aloizio Mercadante, o senador Lindberg Farias, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o vereador Eduardo Suplicy, entre outros.
O ex-ministro Gilberto Carvalho fez a leitura da biografia de Marisa Letícia e um padre fez uma celebração religiosa e disse que trata-se “de uma súplica pela paz justiça e solidariedade e principalmente pelo amor fraterno. Estamos reunidos para celebrar o amor fraterno com a certeza que vencerá o ódio”
Artistas, como Tulipa Ruiz e Thaide cantaram músicas, como “O que é, o que é?”, de Gonzaguinha, e “Maria, Maria”, de Milton Nascimento e Asa Branga, de Luiz Gonzaga.
Dilma também falou durante o ato: “Nós somos da paz, nós não somos nem da injustiça, nem da violência”, disse Dilma.
*Com informações do G1