Os mandados de prisão expedidos contra os vigias e o operário da obra do Ministério Público Federal revelaram enfim o que teria motivado a estudante do curso de Direito Fernanda Lages, 19 anos de idade, ter entrado em um prédio em obras por volta das 5:00 horas da manhã daquela quinta-feira, dia 25 de agosto.
Baseado no depoimento da jovem Paulyane Moura de Carvalho, amiga íntima de Fernanda, e sobrinha do ex-deputado estadual José Cabelouro (PMDB), a Polícia investiga se ela estaria no local para possivelmente manter algum tipo de relação sexual. Na terceira página de um mandado de prisão expedido contra funcionários da obra (dos vigias, um vigilante e um servente de pedreiro), há a hipótese trabalhada pela CICO.
A Comissão Investigadora do Crime Organizado anota o seguinte, de maneira bem direta, de acordo com o depoimento da amiga de Fernanda Lages: “Que em uma das varias conversas que manteve com Fernanda, uma delas foi sobre sua disposição de viver aventuras sexuais em locais diferentes, esquisitos, como pouca movimentação de gente; Que Fernanda dizia que gostava de transar em sítios distantes, casas abandonadas, edifícios inacabados, obras em construção e locais perigosos”.
Esta seria uma das linhas de investigação em que se baseia o inquérito, que tem o delegado Paulo Nogueira a frente, que apura a morte da jovem de 19 anos. A Polícia quer saber ela estaria no local para um encontro íntimo, reservado. Apesar de reconhecer que para tanto Fernanda teria de estabelecer contato telefônico com alguém, não foi verificado nenhuma ligação que explique sua ida ao prédio em obras. Abaixo, trecho do documento que comprova a hipótese trabalhada pela Polícia e que teria levado Fernanda Lages ao local:
Trecho tirado do blog de Efrem Ribeiro, do portal MNPARAFILIA E O DESEJO DE TRANSAR EM LOCAIS ESTRANHOS
O depoimento de Paulyane pode ser algo decisivo, no que diz respeito aos motivos que levaram Fernanda Lages. Esse desejo por fazer sexo em locais estranhos, fora do comum ou até mesmo em locais públicos, pode ser explicado pelo que os especialistas chamam de ‘parafilia’ que não se trata de fato de uma doença ou anomalia.
Especialistas afirmam que isso aguça a sexualidade da pessoa e dá prazer, por quando são vistas, sentem mais tesão. Essa exposição sexual também pode ser vista como um transtorno, mas o diagnóstico fica difícil por causa dos valores culturais. O certo e errado depende da cultura, é a sociedade que vê o que é errado. E é essa forma de exposição que gera o prazer na pessoa.
As parafilias, antigamente chamadas de perversões sexuais, são atitudes sexuais diferentes daquelas permitidas pela sociedade, sendo que as pessoas que as praticam não têm atividade sexual normal, ou seja, a sua preferência sexual “desviada” se torna exclusiva. Tais atitudes (exceto a pedofilia) podem estar presentes em pessoas com vida sexual normal, apenas sendo uma variação da maneira de se obter prazer, sem que se caracterize um transtorno. Para se tornar patológica essa preferência deve ser de grande intensidade e exclusiva, isto é, a pessoa não se satisfaz ou não consegue obter prazer com outras maneiras de praticar a atividade sexual.
JUSTIFICATIVA PARA AS PRISÕES
O 180graus manteve contato por telefone com uma psicóloga, especialista em assuntos relacionados a fantasias sexuais. Ela é de uma clínica conhecida de Teresina e pede para não ter seu nome identificado temendo retaliações. Ela explica que jovens como Fernanda Lages podem ter esse tipo de desejo, fantasias sexuais como uma forma de “demonstrar liberdade”, que são “independentes”. Mas correm um risco muito grande. “Os jovens, boa parte deles, gostam de demonstrar essa liberdade e, neste caso, ela teria sido levada a acreditar que estaria numa fantasia sexual”, afirma a psicóloga.
Ainda no documento, é estimada a hora da morte de Fernanda pouco depois de 5h30min da madrugada do dia 25/08/2011, hora esta aproximada de que ela teria entrado na obra do TRT, baseado em imagens de circuitos de segurança de estabelecimentos vizinhos. E ainda questiona porque, mesmo estando todos acordados neste horário, os vigias negam ter ouvido ou visto qualquer coisa que pudesse indiciar a presença estranha de alguém.
Ainda em relação aos vigias, é enumerada a presença de amostras de DNA colhidos na cordoalha do parapeito de onde Fernanda foi jogada, no sexto andar do prédio. O pedido de prisão relata ainda que este momento servirá para saber se, por trabalharem na obra, estariam sofrendo algum tipo de pressão.
Fonte: 180 Graus]]>