Diretor da Penitenciaria Regional de Esperantina concede entrevista e fala sobre real situação do presidio

Em entrevista exclusiva concedida a equipe de reportagem do  jornalesp.com, o Capitão Tomé Soares da Costa Neto falou sobre a real situação em que se encontra atualmente a Penitenciaria Regional Prefeito Luis Gonzaga Rebelo sediada na cidade de Esperantina onde o mesmo exerce a função de Diretor.Confira na integra toda a entrevista:

jornalesp.com = Capitão, atualmente existe quantos Detentos cumprindo pena na Penitenciaria Regional de Esperantina?

Capitão Costa Neto – No momento estamos com 114 Detentos, mas temos capacidade para até 150 presos.

jornalesp.com = Que medida foi adotada pela Direção desse presidio depois da última rebelião no sentido de diminuir a quantidade de presos, já que estava além da sua capacidade real?

Capitão Costa Neto – Depois do  motim ocorrido no último dia 13 de novembro, alguns  Detentos tiveram que serem transferidos para a Casa de Custódia de Teresina, enquanto outros, foram transferidos para a Penitenciária Mista de Parnaiba.

jornalesp.com = Capitão, desde o período da inauguração dessa Penitenciaria em novembro de 2001, até hoje, o senhor sabe infromar quantas rebeliões já aconteram aqui?

Capitão Costa Neto – Até agora foram duas, a primeira ocorreu em novembro de 2006 e a segunda foi  essa que aconteceu no mês de novembro passado.

jornalesp.com = Nessas duas Rebeliões chegou a acontecer alguma fuga de Detentos?

Capitão Costa Neto – Aconteceram  em torno de 04 (quatro) fugas, sendo que destas quatro fugas, apenas um detento conseguiu êxito.

jornalesp.com = E até hoje, essa pessoa nunca foi recapturada pela Policia?

Capitão Costa Neto – Por ironia do destino essa pessoa se entregou pouco tempo depois na Delegacia de Policia da cidade de Campo Maior, pois era um preso foragido daquela cidade e se entregou lá por que não conseguia mais viver na clandestinidade, no entanto, se apresentou com advogado e se encontra atualmente cumprindo pena em Teresina, na Casa de Custódia.

jornalesp.com = Capitão, em se tratando de segurança, na sua opinião, a Penitenciaria de Esperantina, é considerada segura?

Capitão Costa Neto – Veja só, aqui temos segurança, sim, acontece que  não chega  a ser de segurança máxima, é uma segurança que podemos afirmar de médio porte.

jornalesp.com = Com relação a estrutura atual do presidio tanto no que se refere  a questão de  armamento como de pessoal, ou seja,  Agentes Prisionais e Policiais Militares,  estão dentro dos padrões exigidos pelo Ministério da Justiça?

Capitão Costa Neto – Olha, é  um problema grave não só aqui no município, e que acontece também em outros presidios espalhados pelo país, há deficiência de Policiais Militares, como também de Agentes, mas tudo isso a gente tem solicitado  do pessoal da Secretaria  de Justiça do Estado, o que resta agora é esperar, até porque o que  disponibilizamos aqui, é o minimo possível para agirmos da forma como agimos no dia 13 de novembro passado em que conseguimos conter os 69 detentos que se encontravam amotinados, onde ninguém conseguiu fugir, e muito menos alguém morreu, ou seja, a gente faz o que pode com a estrutura aqui disponivel, volto a repetir,  que não é o ideal para o tamanho da capacidade do nosso Presidio.

jornalesp.com = Quanto à alimentação destinada aos Detentos, fala-se nos bastidores que não é de boa qualidade, esse fato é verídico ou ele não existe?

Capitão Costa Neto – Eu acredito que seja inverídico, aqui para se ter uma idéia por semana são feito 300 kg de frango, 300 kg de carne na rola, e 100 kg de carne mássica, e é tudo destinado aos presos, além de que é servido também, arroz, macarrão, feijão, às vezes uma farofa, se estão comendo e pedindo mais a gente aumenta, não vamos deixar ninguém  extruindo comida ou passando fome, a comida aqui é suficiente e muito boa, isso Eu lhe garanto.

jornalesp.com = Capitão, com relação a origem dos Detentos, recebemos a informação de que existe prisioneiros até mesmo do Rio de Janeiro da facção criminosa conhecida como Primeiro  Comando da Capital, o famoso  PCC.

Capitão Costa Neto – Eu já estou aqui há mais de três anos e não tenho informação de ninguém ligado ao PCC, já teve gente aqui para se ter uma  idéia de facções criminosas de Teresina, mas do sul do país nunca tivemos ninguém.

jornalesp.com = Por ocasião do período natalino  e das festas de final de ano algum preso terá a oportunidade de visitar familiares ou está descartado esta possibilidade?

Capitão Costa Neto – A autorização de saída só acontece no regime semi-aberto, após avaliar comportamento e o tempo que o Detento já passou, como aqui é regime fechado não é permitido em hipótese alguma este tipo de saída.

jornalesp.com = Atualmente nessa Penitenciaria há  algum preso que tem a oportunidade de está trabalhando no setor da Cozinha ou em outro tipo de  Departamento?

Capitão Costa Neto – Alguns ajudam no trabalho dentro do Presídio, por ter direito a remissão, que é aprender uma profissão, e infelizmente não temos condições de oferecer, mas já foi solicitado, e por eles terem esse direito alguns ajudam na cozinha, olaria, serviços gerais, capinando ou até mesmo fazendo alguma reforma que seja necessária dentro do próprio Presidio.

jornalesp.com = Que tipos de Cursos a Penitenciaria oferece atualmente para os Detentos?

Capitão Costa Neto – Infelizmente não temos como oferecer Cursos à Eles, temos apenas o projeto “Educando para a Liberdade”, que é igual ao EJA, Ensino de Jovens e Adultos. Eu acredito que o Detento tendo a oportunidade de fazer um Curso Ele poderá depois montar o seu próprio negócio, e no entanto,  não queira mais voltar novamente para a vida dentro do Presidio.

jornalesp.com = Para finalizar, qual a mensagem que você daria aos Detentos que já passaram por aqui e que ainda estejam envolvidos com assaltos, drogas, roubos entre outros tipos de delitos e crimes?

Capitão Costa Neto – Eu aconselho que procurasse um rumo melhor para suas vidas, ou seja, se empenhasse em estudar ou em trabalhar e não se envolver com este tipo de coisa novamente  para não acabar voltando para cá que é  um lugar muito ruim.