Os delegados do interior do Estado são obrigados a escolher os crimes que irão investigar, pois não conseguem atender a demanda da população. Centenas de inquéritos policiais estão sem andamento. A denúncia é do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil do Piauí (Sindepol).
O presidente da entidade, Sebastião Alencar, diz que os delegados estão sobrecarregados e não tem estrutura necessária para trabalhar.
“É um absurdo essa situação. Os delegados também não conseguem atender todas as requisições do Ministério Público e por conta disso alguns promotores estão representando contra esses delegados na Corregedoria da Polícia Civil, como se fosse uma falha dos delegados. Existe uma falha do Estado, que não providencia a estrutura mínima necessária para o desempenho das funções”, reclama Sebastião Alencar.
O presidente do sindicato afirma que a nomeação de 40 delegados aprovados em concurso público poderia amenizar a situação, pois atualmente apenas 54 delegados estão trabalhando no interior. A Lei Complentar nº 37, de 2004, prevê o número de 340 delegados para o Estado do Piauí. Apenas 151 destes cargos estão ocupados.
Os 40 candidatos já ganharam na Justiça o direito à nomeação, mas o governador Wilson Martins está desobedecendo a determinação do Tribunal de Justiça. O TJ está aplicando uma multa diária de R$ 1 mil em razão do descumprimento e essa multa já alcançou o montante de R$ 70 mil, que será paga com dinheiro público.
Os 54 delegados do interior estão presentes em apenas 35 cidades. Os outros 188 municípios só contam com o trabalho da Polícia Civil quando ocorrem crimes graves. Nestas situações, um delegado se desloca de uma outra cidade para instaurar inquérito policial.
“É impossível se trabalhar dessa forma. Não há condições de se prestar um trabalho de qualidade”, diz o sindicalista.
Segundo Alencar, o Sindepol já providenciou o ajuizamento de ações para anular as portarias designando um delegado para responder por vários municípios.
Por Arimatéia Carvalho