Estiveram reunidos recentemente, em audiência pública, no Plenarinho Dep. Prado Júnior, da Assembleia Legislativa do Piauí, deputados e representantes dos órgãos e sindicatos de segurança pública do Estado. A audiência foi proposta pelo deputado Marden Menezes (PSDB) motivado pelo índice crescente de violência no Piauí. A audiência foi realizada pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia.
Um relatório final com todos os dados apresentados pelos órgãos de Segurança e Sindicatos será encaminhado para o Governo do Estado e demais órgãos de segurança. Também participaram da discussão os deputados Firmino Paulo (PSDB), Wilson Brandão (PSB), Rubem Martins (PTB).
Marden Menezes fez a abertura do debate agradecendo a presença de todos e levantando algumas questões. Em seu discurso o parlamentar evidenciou a preocupação com o crescimento da violência no Estado e a falta de estrutura dos órgãos de segurança, que segundo ele, aplicam ações isoladas. E reforça que a vinda da Força Nacional para o Piauí é uma medida paliativa e que não modificará a realidade.
“É justa esta discussão, temos que procurar diagnosticar a realidade e encontrar soluções”, comenta.
Durante seu pronunciamento Marden Menezes levanta alguns questionamentos para o secretário de Segurança do Estado, Fábio Abreu, sobre o custo com a vinda do contingente da Força Nacional e quais as ações estão sendo elaboradas para o combate a criminalidade.
Deputados destacam falta de investimentos
Robert Rios (PTB) afirmou que a questão da falta de segurança está generalizada no país e que é necessário vontade pública, investimento humano e estrutural para que a polícia possa desenvolver o seu trabalho. O deputado é enfático ao dizer que, atualmente, a segurança é uma ficção jurídica.
“Enquanto secretário de segurança lutei muito, mas não tive força política para mudar”, disse.
Ele também ressaltou a necessidade de promover políticas de segurança pública permanente; abandonar os improvisos e melhorar os salários. Robert Rios defendeu também a valorização do policial no Estado e lamentou o fato de um policial da Força Nacional receber uma diária de R$ 264, enquanto um policial militar recebe R$ 64.
“A categoria vem sendo massacrada e desestimulada. Os crimes aumentam porque não há resistência. A grande mazela da segurança é a falta de investimento”, conclui.
O deputado Evaldo Gomes (PTC) questionou o Governo do Estado não ter recursos para investir na segurança, no entanto, tem nomeado cargos comissionados com altos salários e também ter anunciada um pacote de reforma com criação de secretarias.
“O que me preocupa é perceber que todos os dias um jovem é assassinado, uma família é humilhada. Diante disso, é que através de audiências desta natureza, possamos criar medidas, dar ideias e propostas para dialogar e discutir com o governo do Estado”, comenta.
Policiais levam dados alarmantes sobre a Segurança no Piauí
Foram também ouvidos o representante da polícia federal, Luis Alberto, Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Piauí, Constantino Júnior e a delegada Andrea Magalhães do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil do Piauí, o ponto em comum nos discursos foi a falta de estrutura e de contingente.
Dados preocupantes foram apresentados, entre eles apenas a disponibilidade de mil policiais federais para proteger a fronteira brasileira que possui uma extensão de quase 17.000 km; um contingente de apenas 140 delegados no Piauí; estruturas deterioradas; a suspensão da prática do curso de formação por falta de munição; delegacias com um policial custodiando presos; falta de algemas.
A delegada Andrea Magalhães frisou que a responsabilidade deve ser dividida com todos, porém é impossível desempenhar um bom trabalho sem as mínimas condições.
“É uma situação crônica, há políticas ineficazes, não há condição de trabalho”, afirma. Na oportunidade, Andrea apresentou um plano de segurança.
Samuel Silveira apresentou ações que a Prefeitura de Teresina vem aplicando com o intuito de minimizar a violência na capital como a criação da guarda municipal, urbanização de bairros onde há um número elevado de criminalidade, a exemplo o projeto das Lagoas do Norte.
Secretário fala sobre plano de Segurança na Assembleia
O secretário de segurança do Estado, Fábio Abreu, participou da audiência e argumentou que o problema não se resume apenas na polícia. Para ele, é necessário intensificar e promover mais audiências para discutir também as questões sociais.
Fábio Abreu reforçou que será implementado um plano de segurança, baseado em estudo científico para posteriormente ser discutido com os órgãos de segurança e que as reformas estruturais de delegacias e quarteis estão sendo providenciadas. O secretário também anunciou que será definido junto ao Conselho Superior de Polícia normas e leis a fim de regimentar, inclusive a promoção da classe civil e militar.
Por Isolda Monteiro