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Cico conclui em inquérito enviado para a PF que Fernanda Lages cometeu suicídio

 Fernanda Lages VerasOs delegados da Cico (Comissão Investigadora do Crime Organizado) apontaram nos autos do inquérito policial, presidido pelo delegado Paulo Nogueira, enviado para a Polícia Federal (PF), responsável por nova investigação, que a estudante Fernanda Lages, de 19 anos, morta no dia 25 de agosto no prédio em construção da Procuradoria da República no Piauí, cometeu suicídio.

Os laudos apontam que os possíveis fatores psicológicos para o suicídio foi o fato de Fernanda Lages estar endividada; ter gastado o dinheiro dado pelo pai e tinha medo que ele descobrisse; no ano passado tinha fugido para Fortaleza (CE) por medo de dizer ao pai que gastou o dinheiro da faculdade; há depoimentos de amigas de que estava muito triste na semana da morte; o ex-namorado afirmou, em depoimento aos delegados da Cico, que ela costumava ir para a casa dele chorar de madrugada, após sair com as amigas; sentia-se “a ovelha negra da família”, em comparação com as outras primas, já tinha morado com várias tias e, por último, morava com amigos.

Nos autos do inquérito policial, agora em poder da Polícia Federal, aponta inexistência de lesão provocada por terceiros no corpo de Fernanda Lages. Todas as lesões existentes são decorrentes de três eventos: queda espontânea na escadaria; subida na mureta do mirante do prédio em construção da Procuradoria da República no Piauí (arranhões próximos à virilha) e impacto do corpo do chão, após se jogar do parapeito. Não há no corpo hematomas ou qualquer outro sinal de agressão física externa.

Os autos produzidos pela Cico apontam inexistência de lesões de defesa.

O tecido das mãos e antebraço estão íntegros, sem nenhum sinal de defesa. Tais sinais ficariam se ela tivesse agarrado ao parapeito ou ao cordoalho da mureta no momento de ser jogada. Não há material orgânico nas unhas. Os autos acrescentam que Fernanda Lages estava consciente no momento da queda. Os delegados da Cico concluíram isso não apenas pelo fato de ter subido a mureta, como também pelas lesões na mão direita (unhas e dedo), típicas do reflexo de quem está consciente no momento da queda. Não há coagulação nessas lesões, portanto não foram antes do impacto do chão. Também não estava sob efeito de drogas ou sedativo, mas apenas álcool. Apontam também inexistência de DNA estranho em seu corpo e inexistência de vestígios de relação sexual.

Os delegados da Cico enviaram o inquérito policial apontando que a posição do corpo de Fernanda Lages como foi encontrada é compatível com um arremesso feito por força estranha porque nessa hipótese a vítima, ao tentar se segurar, na mureta ou no cordalho de cobre do aterramento, modificaria sua posição de queda. A mesma posição só poderia ser alcançada se a vítima estivesse montada espontaneamente na mureta e alguém a empurrasse de surpresa, sem que ela soubesse da intenção do agente de empurrá-la. Mas, nesse caso, o que ele teria ido fazer lá em cima da mureta? Embora essa hipótese não tenha sido descartada no laudo (motivo que fez o perito não atestar o suicídio), tal hipótese é totalmente ilógica e fica descartada pelas outras provas, apontam os delegados.

Apontam ainda existência de lesões na parte interior da coxa decorrente de ter Fernanda Lages montado na mureta do parapeito e de marcas da sapatilha deixada na mesma mureta, nas tentativas de escalá-la.

Quebrados os sigilos telefônicos da antena que dá cobertura à área, com como dos celulares dela e de todas as amigas e conhecidos que com ela estivessem hora antes, além das pessoas que possuíram vínculo com a obra, não foi identificada nenhuma ligação que pudesse ter sido feita por Fernanda Lages para marcar encontro na obra.

As peças do inquérito policial feito pela Cico e enviadas para a Polícia Federal informam que câmeras de segurança de estabelecimento demonstram o carro de Fernanda Lages passando, os vidros abertos, ninguém de lado. Após a perícia comparar as imagens das diversas câmeras concluiu que não havia carro a seguindo.

Os laudos mostram que Fernanda Lages não foi retirada de seu carro à força. Desceu do carro calçada, estacionou o carro normalmente, o trancou e estava com as chaves do carro no vestido no momento da queda. Não havia digitais estranhas dentro do carro. O vigilante do estabelecimento do outro lado da Avenida João XXIII viu a chegada do carro e não viu nenhum outro carro junto.

Os laudos também mostram que Fernanda Lages entrou pelo portão da obra do TRT (Tribunal Regional do Trabalho), que estava entreaberto. Há pegadas dela no trajeto descrito pelo vigia Domingos da Silva.

Os autos mostram que Fernanda Lages não necessariamente conhecia o interior da obra. A obra fica num caminho feito usualmente por ela para voltar para casa. Trata-se de local propício para suicídio, pois fica numa grande Avenida, é um prédio chamativo e aparentemente desocupado. A intenção do suicida é chegar ao ponto mais alto do prédio. Os vigilantes Edson e Domingos da Silva deram novos depoimentos à Polícia Federal.

Por Efrém Ribeiro]]>

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