Os Promotores: Eliardo Cabral e Ubiraci Rocha informaram à imprensa que mais pessoas serão notificadas a prestar depoimento junto ao Ministério Público sobre o caso Fernanda Lages Veras. As notificações serão feitas a partir deste sábado (22).
Eles não anteciparam quantas pessoas ainda devem ser chamadas, esse número depende do desenrolar das investigações feitas pelo MP. “A partir de amanhã novas notificações serão feitas e na segunda mais oitivas”, disse Eliardo Cabral.
Ubiraci Rocha disse que estes depoimentos estão servindo e servirão para esclarecer pontos obscuros do caso Fernanda Lages.
A expectativa é que esta tragédia novelesca em torno da morte desta jovem ainda dure algum tempo. É que se estiverem insatisfeitos com o resultado do inquérito que será apresentado pela Polícia na terça-feira, dia 25, o Ministério Público deverá solicitar novas diligências.
Caso a Polícia apresente um acusado para autoria do crime, o MP tem 15 dias para oferecer a denúncia à Justiça. Caso não apresente culpado ou culpados, este prazo é ilimitado e o MP pode prorrogar por um bom tempo as investigações.
Eliardo sobre advogado: ‘ele pensava que esse depoimento ia dar em pizza, mas não deu’
Inquirido pelos jornalistas durante entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (21), Eliardo Cabral falou sobre os comentários dos advogados Carlos e Nazareno Thé, contratados pela família Castro. Kaikay, como é conhecido o advogado brasiliense disse que a atitude do Ministério Público no caso Fernanda Lages está sendo “ilegal, inconstitucional e arbitrária”. Nazareno Thé, de Teresina, desafiou os promotores a apresentarem provas que ligam Jivago Castro à morte de Fernanda.
Sem titubear, Eliardo respondeu com as seguintes frases:
“Nosso trabalho não depende de qualquer outra pessoa, de qualquer outra instituição”.
“Nós não precisamos que ninguém venha aqui nos ensinar como devemos trabalhar”.
“Há pessoas que gostariam que o Ministério Público andasse amordaçado, de cabeça baixa, mas nós não vamos ficar. Esse fato ficará esclarecido na forma da lei”.
“Ele pensava que esse depoimento ia dar em pizza, mas não deu”.
Eliardo Cabral: ‘depoimento de Bizé é uma verdadeira pérola’
O 2° andar do prédio do Ministério Público Estadual foi fechado por seguranças e ninguém, além de alguns funcionários e advogados, teve acesso ao local que estava resguardado para o depoimento da empresária Bizé Castro, mãe do engenheiro Jivago Castro.
A oitiva com Bizé começou por volta das 11 horas e prosseguiu até quase 15 horas desta sexta-feira (21). Logo após, os promotores Eliardo Cabral e Ubiraci Rocha concederam entrevista coletiva à imprensa. Questionados pelos jornalistas, os promotores fizeram breves avaliações a respeito dos depoimentos prestados desde quinta-feira (20).
Já foram ouvidos pelos promotores, a namorada de Jivago, Valéria Macedo, o tenente coronel Manoel Almeida e Bizé Castro.
Sobre a oitiva da empresária, Eliardo Cabral disse:
“o depoimento dela é uma verdadeira pérola”.
Quando perguntado sobre o depoimento de Valéria Macedo, ele continuou:
“seria uma opala”.
Durante o depoimento de Valéria Macedo, os promotores a questionaram sobre uma conversa que ela teve com amigas através da rede social facebook no dia em que Fernanda Lages morreu. No diálogo, Valéria perguntava se a amiga sabia “quanto a cinderela calçava”. Eliardo disse que Valéria respondeu, mas “a explicação não convenceu muito”.
Na avaliação dos promotores, os depoimentos colhidos pelo MP até o momento vão contribuir muito para a elucidação da morte de Fernanda Lages, já considerada por eles como um assassinato.
O promotor Eliardo esclareceu que os depoimentos da mãe e da namorada de Jivago não comprometem o engenheiro no sentido de envolvê-lo com a morte da estudante, no entanto afirmou que as declarações dadas por elas serão confrontadas em um momento posterior e poderão ser de uma considerável valia para as investigações.
Crime
Sobre os laudos apresentados pelos peritos do Instituto Médico Legal (IML) sobre as escoriações no corpo de Fernanda Lages, o Ministério Público considera indefensável a tese apresentada pelos legistas de que a estudante teria adquirido as lesões nas pernas tentando subir na mureta da cobertura do prédio do MPF e outras lesões teriam sido causadas por quedas dela ao longo da escada que dá acesso à cobertura.
Para avaliar tal laudo, Eliardo Cabral citou análise feita pelo jurista Jurandi Porto, de que Fernanda Lages foi levada até o sexto andar do prédio por, pelo menos, dois homens. “Pelo tamanho e peso de Fernanda acredita-se ela foi levada por dois ou até três homens”, argumentou o promotor.
Durante a entrevista, Eliardo disse ainda que sustenta a hipótese de que existem executores do crime e um mandate. “Ainda confirmo que Fernanda foi morta por duas pessoas a mando de uma”.
Depoimento Coronel Almeida
Os promotores confirmaram à imprensa que o tenente coronel Manoel Almeida, a primeira autoridade policial a chegar ao local onde Fernanda foi encontrada morta, disse ter ouvido do vigilante Domingos um relato feito pelo outro vigia, do turno da manhã, que haviam entrado duas pessoas no canteiro de obras, um era homem e o outro uma mulher ou um travesti. “O Coronel passou informações muito relevantes para nós do Ministério Público”, resumiu Eliardo Cabral.
“O depoimento do coronel Almeida foi tranquilo, proveitoso, sem um batalhão de advogados, nada justifica tantos advogados, porque o Ministério Público os chamou aqui não foi para prender ninguém”, prosseguiu Eliardo.
Fonte: Portal Az
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