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Cabôclo Filiz

Caboclo tocando violaO Professor e historiador, Assis Fortes – Piauiense de Esperantina descreve em versos como era o caboclo antes da Reforma Agrária.

Cabôclo Filiz

Na min’a casa de paia
eu vivo mais sartifeito
do qui um rico canaia
qui num merece respeito.

Pranto arroz, mio e fêjão
mode nunca passá fome.
Galin’a bode e leitão
na min’a paioça se come

Num devo nem um vintém,
num sô cobrado de nada.
No meu paiol sempre tem
cumida pra mininada.

Min’a riqueza é a terra,
adonde pranto cum amô,
simente qui a gente interra.
É a mata cherano a flô.

Min’a riqueza é o sol quente
qui a simenteira arrebenta.
É a chuva qui móia a gente
e as águas dos poço omenta.

Min’a riqueza é a lua
qui clarêa o meu terrêro.
É meu cachorro qui acua
e agarra a caça ligêro.

Min’a riqueza é a viola,
Na soldade cumpan’êra,
amiga qui me consola,
me arranca da choradêra.

Min’a riquêza é a famía
cum quem eu vivo filiz:
mininos chei de aligria
e a muié, a matriz.

Assis Fortes – Piauiense de Esperantina
Teresina, 02 de janeiro de 2009

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