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ATÉ QUANDO?! Sai pai, entra filho; é assim a política no PI

pageA política sempre foi um espaço para a continuidade familiar desde os tempos das capitanias hereditárias quando o Brasil foi dividido em vários espaços geográficos que eram entregues para personalidades da época e cujos mandatos eram vitalícios e posteriormente repassados de pais para seus filhos e netos, assim por diante.

A própria composição da Assembleia Legislativa, é um demonstrativo desta reserva de cadeiras, que acontece também nas prefeituras e câmaras de vereadores. Todos querem deixar a sua marca, perpetuar a sua espécie.

Inúmeros casos de tentativa de sucessão hereditária se verificam no momento que antecede as eleições de outubro próximo. Na capital, o prefeito Firmino Filho está dividido entre apresentar o nome de sua mulher, Luci Silveira, ou então do sobrinho, Firmino Paulo.

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Para todos os efeitos, Luci já se desvencilhou do cargo que ocupava na administração do marido e está totalmente apta para qualquer possibilidade. Com relação a Firmino Paulo, ele tem percorrido vários municípios e mantido contatos com lideranças políticas, especialmente aquelas ligadas ao PSDB, mas tudo indica que sua candidatura ainda é uma incógnita.

FIRMINO PAULO, ‘NOVATO’?

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A propósito, ele é filho do ex-deputado e ex-conselheiro do TCE/PI (Tribunal de Contas do Estado), Sabino Paulo. O problema com sua pretensão é que o tio Roncalli, que atualmente está no exercício do mandato de deputado como suplente convocado, ameaçou um racha na base familiar. Para evitar maiores transtornos, o prefeito pode apelar para o lançamento da mulher, fazendo com que Firmino Paulo adie seu projeto por mais alguns anos. O jovem é delegado no estado de Pernambuco e está à disposição da Secretaria de Segurança Pùblica do Piauí. Diz alimentar o sonho de ser deputado há muito tempo mas que nunca insistiu porque havia o seu tio. Só que Roncalli perdeu as últimas eleições e isso abriu-lhe a perspectiva.

RODRIGO, SOBRINHO DE WILSÃO

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Também em Teresina, o presidente da Câmara Municipal, vereador Rodrigo Martins (PSB),tenciona ser deputado federal. Ele conta com apoio decisivo do tio, o governador Wilson Martins. O chefe do executivo deve renunciar em abril. A renúncia se dará logo depois da apresentação de mensagem anual aos deputados. De já, Wilson avisa que pretende eleger ampla maioria na Assembleia e Câmara dos Deputados. Ele poderá ser candidato ao Senado. Ele pretende comandar o processo sucessório juntamente com o vice-governador Zé Filho, que assumirá o comando do executivo. Rodrigo tem cumprido à risca o ritual de se fazer presente em vários municípios e está esperançoso em ir para Brasília a partir de 2015.

DE PAI PARA FILHO: LUIZ E MARDEN

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Na cidade de Piripiri (176 ao norte de Teresina) há outros exemplos da sucessão hereditária, pelo menos em se tratando de Parlamento estadual. O deputado Marden Menezes (PPSDB) é filho do ex-prefeito Luiz Menezes, daquele município, que também foi deputado estadual entre 1990/96. Marden Menezes já está no exercício do quarto mandato consecutivo, tendo em vista que começou a atuar no Legislativo como suplente convocado, elegendo-se sucessivamente desde 2002. Pretende concorrer a um novo mandato. Seu pai não conseguiu a reeleição para a prefeitura piripiriense. Perdeu para o então deputado Odival Andrade (PSB), que era seu aliado e tornou-se adversário.

ODIVAL QUER FAZER IGUAL AO RIVAL

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Odival também quer instituir a sucessão hereditária. O filho, Breno, que é estudante de medicina, será candidato a deputado estadual. O jovem acompanha os passos do pai desde a infância. Sempre esteve ao seu lado em campanhas eleitorais. Odival Andrade foi vereador por 16 anos e entre 2004/2008 foi prefeito por indicação de Luiz Menezes. Rompeu com o padrinho quando este não lhe permtiu ser candidato a reeleição. “O Breno está preparado para me suceder. Está no último ano de medicina, é um rapaz que tem vivência política e um bom relacionamento com a população em geral.” O futuro candidato espera obter somente em sua cidade cerca de 12 mil votos, complementando na grande região e atuando em diversos outros municípios ao longo da região norte.

FAMÍLIA FELIX DE CAMPO MAIOR TAMBÉM

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Na mesma região, cidade de Campo Maior, o ex-prefeito João Félix apresentou e conseguiu eleger, em dois pleitos consecutivos, o irmão Antonio Félix para deputado. Foi em 2006 e 2010, começando pelo PPS (Partido Popular Socialista) e hoje no PSD (Partido Socialista Democrático). Campo Maior tem uma longa tradição de políticos que costumam agir dessa maneira. Uns conseguem sucesso, outros nem tanto. César Melo foi prefeito nos anos 1980 e colocou seu irmão Maurício por duas vezes no Parlamento. Raimundo Bona Carbureto foi vereador e prefeito e tentou colocar seu filho Carbureto Júnior na Assembleia em 2002 mas não foi bem sucedido.

MAS, É CLARO, NEM TUDO SÃO FLORES

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No pleito anterior, em 1998, ele conseguiu eleger a cunhada, Margarida, mulher do seu irmão, Enildo, no entanto o esquema se rompeu. Em 2000 Carbureto tornou-se prefeito pela segunda vez contando na chapa com sua mãe como candidata a vice-prefeita. Até então ele era imbatível. Mais recentemente, tentou ser candidato a vereador e foi impugnado ela Justiça Eleitoral. Ele foi condenado a devolver recursos federais na ordem de R$ 1 milhão. A irmã Regina, que era vereadora, também não conseguiu registrar candidatura. Carbureto então apelou novamente para tentar colocar um outro filho, Zé Bona, no cenário político e o colocou como candidato a vereador. Só que ele obteve apenas 268 votos e não conseguiu nem mesmo uma suplência.

PAULO MARTINS QUER COLOCAR O SEU IRMÃO

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O atual prefeito Paulo Martins (PT) também foi picado pela mosca azul. Quer seguir o caminho dos seus antecessores, apesar de pertencer a um partido que se propõe renovar, no caso, o Partido dos Trabalhadores. Seu irmão Aluisio deve ser candidato a deputado nestas eleições. Os dois têm andado juntos por vários municípios da região norte piauiense. Paulo Martins aproveita solenidades públicas para apresentar o nome do irmão numa sugestão indireta da sua candidatura, que deve se confirmar, segundo assessores.

JÚLIO CÉSAR COLOCOU O FILHO GEORGIANO

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O deputado federal Júlio César Lima foi prefeito de Guadalupe. Foi também secretário estadual de Agricultura durante a gestão de Freitas Neto (1991/94) e presidente da Agespisa sob Hugo Napoleão (2001/2002). Elegeu-se deputado federal em 1994, 2002, 2006 e 2010. Em 1996 tentou ser senador mas teve que enfrentar o mito Alberto Silva e não teve êxito. Deve ser novamente candidato e quer eleger também o filho Georgiano Neto que atua hoje como subsecretário da prefeitura de Teresina. Georgiano é dirigente do PSD Jovem e se julga apto a fortalecer o trabalho do pai no apoio aos municípios. “Meu pai é municipalista convicto. Ele age no plano federal. Pretendo atuar em nível de estado para melhor representar prefeitos, vereadores, associações, sindicatos e a população dos municípios onde se concentra a vida das pessoas, mas que hoje passa por um processo de abandono.”

E WELLINGTON DIAS, QUE IMPÔS SUA MULHER?

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Júlio César o apresenta, mas deixa que ele próprio fale. Quer evitar com isso problemas com seus outros apoiadores. Ele conta com apoio de alguns deputados estaduais que poderiam se sentir prejudicados com a possível inclinação do parlamentar em favor do filho. Falando nisso, foi por causa de privilégio que recentemente aconteceu uma grande confusão no PT. O deputado Jesus Rodrigues anunciou que não vai concorrer a reeleição. Ele afirma que está sendo perseguido pelo senador Wellington Dias, pré-candidato a governador. O senador estaria querendo montar uma oligarquia com a indicação da mulher Rejane, que já é deputada estadual, para a Câmara Federal. Para tanto, estaria perseguindo votos de aliados e partidários, como Jesus Rodrigues.

CASAL FAMOSO DA POLÍTICA: CIRO E IRACEMA

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No plano federal, o senador Ciro Nogueira (PP) batalha pela nova eleição da mulher, a deputada Iracema Portella, que foi eleita pela primeira vez em 2010. Ela pertence a uma longa tradição política. Seu pai, Lucídio, foi governador do estado, vice-governador durante a gestão de Alberto Silva (1987/91) e senador da República. O tio Petrônio foi deputado estadual, prefeito de Teresina, senador, presidente do Congresso, da Arena (o partido do governo militar) e ministro da Justiça. Nesta condição, faleceu vítima de infarto. Diz-se que poderia ter sido o primeiro presidente civil pós-redemocratização. A tese é defendida por historiadores como professor Antonio Fonseca dos Santos Neto, da Ufpi (Universidade Federal do Piauí).

KLEBER EULÁLIO QUER ELEGER O SEU FILHO

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Voltando ao âmbito municipal, em Picos o prefeito Kleber Eulálio (PMDB) pensa em eleger seu filho, o advogado Severo Maria Eulálio Neto, para a Assembleia. Ele proprio, o prefeito, foi deputado desde 1985 e até 2012, significando nada menos que 27 anos de mandato. Iniciou no Legislativo estadual com a renúncia do então deputado Deoclécio Dantas, que naquele ano se elegeu vice-prefeito na chapa do professor Wall Ferraz. Severo Maria Eulálio Neto é mais conhecido como “Severim”. Ele afirma que ainda não pode falar como candidato por seria contraditar o que estabelece a legislação eleitoral. Mas pensa que é preciso fazer um trabalho de resgate da juventude. Esse trabalho tem que passar pela família e pelas diversas religiões. É preciso também políticas nos setores de cultura e esportes. “O jovem não pode continuar negligenciado”, pontifica.

E A LISTA AUMENTA: GUSTAVO, LUCIANO…

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Outros políticos seguem os desígnios dos seus pais. Gustavo Medeiros é atualmente prefeito de União. Está no segundo mandato não consecutivo. Antes, foi duas vezes deputado estadual. Dá sequência à atividade do seu pai, José Raimundo Bona Medeiros, que foi deputado estadual em vários mandatos, prefeito nomeado de Teresina mais de uma vez, vice-governador e governador do estado (1986) com a renúncia de Hugo Napoleão. Luciano Nunes Filho é deputado pela terceira vez. Tentará um quarto mandato. Sequencia atuação do pai, Luciano Nunes, que foi deputado e presidente da Assembleia, e hoje é conselheiro do TCE/PI. O sistema de capitanias hereditárias começou em 1534 instituído pelo rei de Portugal Dom João III e prosseguiu até 1759, perdurando por 225 anos. Foi extinto, pois, há 255 anos, mais de dois séculos e meio. Passou-se depois pela província na época do Império até se chegar ao estado no período republicano. Mas o território piauiense continua comandado por donatários.

Por  Toni Rodrigues

 

 

Um Comentário

  1. É por quererem que continuem se arrumando , eles brigam , fazem todo tipo de acordo , difamam uns aos outros e assim continuam , como dizemos na gíria , “NUMA BOA”.
    Somente você eleitor , pode mudar esta situação.

  2. Um caso que foi esquecido, não sei porque foi o da família The, que domina Esperantina a décadas e impõe pai, filho e agora o irmão de goela abaixo no Piauí. Espero que o povo veja essa situação que é muito comum no Brasil e nunca mais eleja um candidato que tenha esse comportamento ridículo e que massacra o Brasil.

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