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O preço do progresso

Para garantir que todas as famílias piauienses que moram na zona rural tenham acesso à energia elétrica, as equipes da Eletrobrás Distribuição Piauí que trabalham no Programa Luz para Todos enfrentam muitos obstáculos naturais, como a distância, o relevo e as condições climáticas.

Estender a rede elétrica a residências muito distantes da zona urbana requer dias de trabalho e muita matéria-prima, como cabos e postes. Um exemplo das dificuldades encontradas pelas equipes do Programa Luz para Todos está em Uruçuí, município a 482 quilômetros ao sul da capital. Além das comunidades serem distantes da zona urbana, também o são entre si — existem comunidades que distam 220 quilômetros da sede do município —, o que torna difícil o acesso aos futuros consumidores.

Levar energia elétrica para algumas das comunidades do vale do Rio Uruçuí Preto não é tarefa fácil. É necessário recuperar várias estradas de terra e pontes de madeira para possibilitar o acesso dos caminhões com o material e máquinas pesadas. Na travessia de pontes e bueiros e na subida e descida de ladeiras cheias de pedregulhos ou areia, “é preciso abrir outras rotas para que os veículos grandes cheguem ao vale. Têm que ser usados outros mecanismos, como caminhões pequenos, para que o material chegue até as comunidades”, conta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Uruçuí, Marcelo Leite da Cruz.

Para se ter idéia do esforço empenhado em levar energia à zona rural uruçuiense, os caminhões utilizados para transportar o material fazem o dobro, e em alguns casos até o triplo, de viagens devido ao difícil acesso aos locais das obras. Além disso, a empresa licitada para executar o Programa na região está recuperando estradas e pontes e abrindo caminhos alternativos para chegar às comunidades que ainda vivem na escuridão.

No vale do Uruçuí Preto, do povoado Porto Velho à Baixa Funda, há cerca de 300 famílias para serem atendidas. Em todo o município, já são 805 que já desfrutam os benefícios da energia elétrica em casa, no trabalho, na educação, na saúde e no lazer.

O investimento aplicado para garantir energia elétrica apenas a uma unidade consumidora em locais de difícil acesso, como no vale do Uruçuí Preto, é de R$ 14.925,37, valor quase 50% a mais em relação à média de R$ 9.300,00 em outros locais e que, certamente, será maior no caso das famílias ainda não atendidas.

 É outra vida”

Quem já possui energia elétrica em casa comemora as mudanças proporcionadas por esse recurso aguardado, durante anos, em lugares tão longínquos, como no povoado Porto Velho (a75 km da sede de Uruçuí), onde vive, há 20 anos, a lavradora Maria do Socorro dos Santos Silva, 58. “Aqui era fraco. Agora, mudou muito. Temos geladeira para conservar os alimentos, principalmente a carne que a gente precisava salgar para não perder. Podemos assistir tevê em casa, não precisamos mais ir para casa do vizinho que tinha uma televisão a motor. No trabalho também melhorou. Meu marido pode trabalhar à noite, e, agora, têm mais pontos de venda no povoado. É bom demais com energia elétrica, é outra vida”, relata.

Quem está prestes a ver a casa iluminada por lâmpadas, percebe que “as coisas estão melhorando por aqui”, diz sorridente a dona de casa Dulcila Maria da Conceição ao observar a instalação elétrica da sua casa sendo feita. Ela mora no Reino do Sal, mais um povoado do Vale do Uruçuí Preto para onde a rede elétrica da Eletrobras Distribuição Piauí está sendo estendida.

Os benefícios proporcionados pela energia elétrica, que percorre quilômetros antes de chegar às comunidades do vale do Uruçuí Preto, têm reflexo na vida de estudantes que veem como única alternativa de adquirir conhecimento a escola rural. Quem vive essa realidade sabe contar “de cor e salteado” a lição. “A escola melhorou muito, pois, agora, tem ventiladores nas salas, água gelada para beber, os professores podem usar filmes e músicas nas aulas”, conta a estudante da escola Antônio Costa, no povoado Porto Velho, Aldeci Ferreira Leal. Além disso, depois da energia elétrica, o cardápio de merendas passou a ser mais diversificado. “Antes, só podíamos ter alimentos que não se estragavam facilmente, agora podemos comer carnes e tomar suco gelado”, relembra a merendeira e também estudante, Rosilda Ribeiro Ferreira.

No momento, a escola funciona em dois turnos, mas há a previsão de, em 2013, serem implantados os programas ProJovem e Escola Ativa à noite, já que, agora, a energia elétrica é uma realidade.

Por:Carlos Salomao

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