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Promotora Clotildes Carvalho vai pedir conexão dos casos Fernanda Lages e Décio Castelo Branco

Convicta de que a causa da morte não foi um acidente de trânsito, a promotora Clotildes Carvalho, titular da 6ª Vara Criminal de Teresina, está praticamente decidida a declinar da competência em torno do processo sobre a morte do fotógrafo Delson Castelo Branco Filho, proprietário do site especializado na cobertura de baladas “Galera Show”, para uma das promotorias do Tribunal Popular do Juri (que trata de crimes de homicídio), de preferência aquelas em que atuam os promotores Ubiraci Rocha e Eliardo de Sousa Cabral.

Na prática, a decisão da promotora significa que ela suspeita de que exista alguma ligação entre a morte da estudante Fernanda Lages Veras, ao amanhecer do dia 25 de agosto de 2011, e o desaparecimento do fotógrafo, ocorrido em circunstâncias não completamente esclarecidas, dias depois do encontro do corpo de Fernanda, e de uma postagem feita por ele no Facebook em que dizia “você é inesquecível”.

Com a perícia

No inicio da tarde de hoje, Clotildes Carvalho telefonou para o Instituto de Criminalística indagando sobre as pericias complementares que havia solicitado no computador do fotógrafo e recebeu a informação de que o trabalho fora concluído e se encontrava há alguns dias com o delegado-geral da Polícia Civil, James Guerra.

O delegado-geral, de acordo com a informação recebida pela promotora, ficou de mandar o laudo para a 6ª Vara Criminal, cujo titular é juiz Raimundo Holland Moura de Queiroz, nesta terça-feira. A demora seria em função da espera por uma fotografia considerada importante para robustecer o trabalho.

Tribunal do Júri

Delson Castelo Branco era especialista na cobertura de eventos noturnos nas principais casas de show de Teresina, fazendo registros de momentos de entretenimento de seus frequentadores. Por algumas vezes esteve com Fernanda Lages, uma moça que gostava muito de registros fotográficos quando estava se divertindo com os amigos.

No dia 16 de outubro, depois de ter postado algumas mensagens que sugeriam certa proximidade com Fernanda, de um bar localizado num posto de gasolina no bairro Tancredo Neves, Delson desapareceu. A delegada da área iniciou as investigações, mas as deixou pela metade e o delegado-geral James Guerra acabou designando um delegado especial para o caso. A nova equipe conseguiu localizar o corpo do fotógrafo, em estado de decomposição, no fundo de um terreno inóspito sobre o qual passa a chamada “ponte do Tancredol”.

Ao encaminhar o inquérito para a 6ª Vara Criminal, privativa de crimes de trânsito, o delegado Carlos Cesar apontou como causa da morte um acidente. Em alta velocidade, Décio teria batido num carro que passava sobre a ponte e sido projetado para a ribanceira, morrendo provavelmente em consequência da queda.

Clotildes Carvalho não se convenceu e solicitou uma perícia no computador do fotógrafo (havia rumores de que ele documentara situações atípicas), e a oitiva (depoimento) de três pessoas: dois empresários e um homem de comunicação. Os dois primeiros eram amigos inseparáveis de Delson, frequentando com ele as baladas de Teresina e o mesmo círculo de amizade depois das festas.

A promotora está convencida de que Delson, casado, 30 anos, pai de um garotinho, não morreu de acidente porque ficou desaparecido por 30 dias e ninguém nunca foi atraído até seu corpo, mesmo estando num processo de decomposição, num lugar que embora inóspito, é sabidamente frequentado por grupos de viciados em droga. Por isto, depois de examinar os laudos da pericia que solicitou, deverá declinar da competência e mandar o caso para uma vara do Júri, entendendo que houve um crime de homicídio e não um acidente.

Por Feitosa Costa

 

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