Entidades se reúnem para debater conflitos de terras no Piauí
Representantes de entidades e organizações de várias cidades da região norte do Piauí participaram no ultimo fim de semana (28 e 29) no Ecoescola Thomas a Kempis, em Pedro II, do Encontro Microrregional do Programa de Convivência com o Semiárido da Articulação no Semiárido Brasileiro (Asa Brasil). O evento, promovido pelo Centro de Formação Mandacaru com o apoio do Centro Regional de Assessoria e Capacitação (CERAC), que desenvolve o Programa na região, levantou.
“Os conflitos de terra e outros existentes nos municípios, Cocais e Carnaubais”.
O drama vivido pelo agricultor Mariano Manoel dos Santos da comunidade Angelin, do município de São Miguel do Tapuio, foi uma das várias histórias contadas relatando a realidade triste de famílias que enfrentam conflitos diários por causa da terra em que vivem. Segundo o agricultor, morando a mais de 50 anos em sua propriedade, mas sem ter documentos que comprovem esse fato, hoje ele corre o risco de perder tudo que construiu.
“Já fui ao sindicato que entrou na justiça pela minha causa e desde esse tempo a gente vem brigando, mas eles querem pagar uma micharia, quatro mil reais que nem paga o que tem lá”, conta o agricultor.
O coordenador da entidade Peixe que Ronca, Antônio Sousa, que atua no município de Piracuruca explica que muitos dos conflitos que acontece na região centro norte do Piauí são causados por empresas que encontram aqui facilidade para desenvolver grandes projetos que causam injustiça às famílias e impactos negativos ao meio ambiente.
“Temos projetos do agronegócio, grande negócio que está em execução no Piauí com a ajuda dos gestores municipais e estaduais. Essas empresas chegam às comunidades com aval do governo do Estado, do município falando em nome de um progresso que não existe, compram as terras dos proprietários muito baratas para plantar eucalipto, mamona e prejudica não somente as famílias que lá vivem, mas muda toda a biodiversidade da região”, aponta.
No final do Encontro Microrregional os participantes elaboraram e assinaram um documento pedindo apoio e integração entre as entidades que formam o Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido para a identificação e busca de soluções para os conflitos existente no Piauí. O sindicalista Manoel de Povora sugeriu que o Fórum junto com sindicatos e outras instituições parceiras procurassem viabilizar uma assessoria jurídica para dar assistência a casos como o do agricultor Mariano Manoel do município de São Miguel do Tapuio.
Estiveram presentes no Encontro representantes de sindicatos, pastoral da criança, comissões municipais, igrejas evangélicas e associações comunitárias dos municípios de Pedro II, Lagoa do São Francisco, Milton Brandão, Domingos Mourão, Piripiri, Castelo do Piauí, Juazeiro do Piauí, Novo Santo Antônio do Piauí, São João da Fronteira, São José do Divino, São Miguel do Tapuio, Buriti dos Montes e Assunção do Piaui.
O encontro também serviu para um debate com as comissões municipais sobre a execução e continuidade dos dois programas: “Um milhão de Cisternas Rurais e Programa Uma Terra e Duas Águas desenvolvidos na região pelas entidades Mandacaru e CERAC respectivamente”.
Durante o encontro também foi feita uma mobilização para o engajamento das entidades presentes na Campanha “Em Defesa das terras, das águas e do povo do Piauí”, que será lançada no mês de Novembro pelo Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido.
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