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Polícia monitora três pessoas ouvidas sobre morte de Fernanda Lages

Fernanda com amigasPelo menos três pessoas estão sob vigilância permanente desde que fizeram declarações discrepantes a respeito de diálogos que mantiveram com Fernanda Lages Veras nas 24 horas que antecederam a sua morte. Entre elas estão duas amigas que costumavam se encontrar com a estudante de Direito na noite de Teresina e que não compareceram à manifestação ocorrida ontem em frente ao prédio do Ministério Público Federal, na Avenida João XXIII, onde o corpo foi encontrado ao amanhecer do dia 25 de agosto, uma quinta-feira.

A semana que se inicia pode ser decisiva para o destino das investigações porque está prevista a chegada dos resultados de exames periciais realizados fora de Teresina em amostras encaminhadas pelo delegado Paulo Nogueira, que dispõe de pelo menos mais 15 dias para concluir o inquérito ou solicitar mais 30 para enriquecer o trabalho. Soube-se que a intenção do policial é concluir todo o procedimento no prazo normal.

Contradições

Enquanto os resultados dos exames periciais não chegam a equipe de investigadores baseada na sede da comissão que investiga o crime organizado – CICO, zona sul de Teresina, levanta algumas contradições observadas em depoimentos colhidos principalmente durante as manifestações dos estudantes secundaristas, quando a atenção da imprensa se voltou para os episódios que marcaram os protestos contra o aumento das passagens dos ônibus.

Foi nesse período que os investigadores identificaram o homem que assediou Fernanda Lages até momentos antes de a garota ser encontrada morta. Existem discrepâncias em depoimentos de amigas mais próximas de Fernanda. A polícia busca comprovar se pelo menos uma delas tinha uma boa relação de amizade com o rapaz.

Provas

Paulo Nogueira e seus auxiliares trabalham preocupados em robustecer o inquérito com laudos, depoimentos e provas fortes para fundamentar a conclusão a que chegarem. Não querem apenas apontar uma causa, um suspeito, um motivo; acham necessário convencer a autoridade judicial e não deixar brechas, principalmente se alguém for apontado como responsável pela morte.

Em situações assim a polícia precisa ter convicção e apresentar elementos consistentes ou do contrário facilitará, se for o caso, uma hipotética tese de negativa de autoria, quase sempre apresentada na justiça por defensores de acusados de crimes em que não acontecem confissões ou prisão em flagrante.

Aposentado há seis meses um especialista em investigação a quem procurei no inicio da noite do último sábado, dia 10 de setembro, fez o seguinte comentário após afirmar que toda cautela é indispensável em casos como o de Fernanda: ” é preciso encontrar o autor e não um autor”.

“Encontrar o autor”, segundo ele, “e reunir o máximo de provas possíveis para evitar que lá na frente um advogado inteligente desmonte tudo que a polícia construiu no inquérito”.

Esse veterano e bem sucedido investigador, foi mais além: “é perfeitamente compreensível a ansiedade da população mas a precipitação pode levar a uma decepção maior, que é ao de indiciar um provável acusado e não conseguir a sua prisão, pois a justiça só prende se houver no inquérito provas suficientes de autoria”.

Por Feitosa Costa]]>

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