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Por que São João do Arraial se destacou no cenário nacional como o município do empreendedorismo?

limma e ator globalVêem-se facilmente nos jornais e em outros meios de comunicação em massa como a internet, entre muitos outros, notícias de destaque que ganhou o pequeno município piauiense de São João do Arraial, pouco mais de 200 km, norte da capital Teresina.

Município com menos de 20 anos de existência, e com menos de 5000 eleitores, que outrora pertencia ao município mãe, Matias Olimpio, que da sua emancipação elegeu sucessivamente como prefeito dois matienses: Bernardo Araújo Rocha, o popular Binú, eleito prefeito por 02 vezes consecutivas, e, o atual prefeito, Francisco Limma (PT), que havia perdido as duas últimas e únicas eleições para Binú, e que saiu vitorioso na terceira, vencendo o seu arqui-rival, Juscelino Rocha, vice-prefeito que havia assumido no lugar do pai, Binú.

Limma atualmente está no seu segundo mandato de prefeito, tendo como vice-prefeito o seu irmão, Zilton.

Mas eis a pergunta. Por que o destaque na área do empreendedorismo? Para se buscar e entender esta pergunta, necessário se faz mergulhar no passado não muito distante, quando o município era povoado de Matias Olimpio.

Na história política do município, o povoado Arraial, como era chamado o município de São João do Arraial, foi foco de disputa política entre o grupo comandado pelo primeiro prefeito eleito de Matias Olimpio em 1954, Francisco Alves Maia, o popular Chico Maia, e o líder da região do povoado Arraial (envolvia outros povoados, como Cabaceiro, Santana, São José dos Órfãos etc…), Bernardo Araujo Rocha, Binú, que nos empates eleitorais sempre saiu vitorioso na região que compreendia a região do povoado Arraial, sobre o grupo dos Maias.

Com suas vitórias, Bernardo Rocha foi eleito vereador, vice-prefeito (quando se votava diretamente para vice-prefeito. Foi o vice mais votado), e duas vezes, alternadas prefeito de Matias Olimpio. Na época numa disputa entre os dois grupos ficou caracterizada o antagonismo entre os grupos, que foram popularmente chamados de “Porcos” e “Guachelos”, respectivamente, os eleitores que acompanhavam Binú e Chico Maia. Desta disputa resultou o domínio dos dois grupos que se alternavam no poder, pelas décadas de 50, 60, 70 e 80, na administração municipal do municipio-mãe, Matias Olimpio, e, como conseqüência a herança de um eleitorado com atitudes diferentes no modo de agir e de votar. O grupo dos Guachelos (Maias) usava (e usa atualmente em Matias Olímpio) em demasia do meio mais convincente de obtenção do voto e do sucesso garantido nas urnas (não que Binú também não usasse): o clientelismo, seguido de um paternalismo resultante de um coronelismo típico do Nordeste brasileiro, os quais, de modo exacerbado, se beneficiavam em uma comunidade comprovadamente paupérrima, conforme, infelizmente, até hoje, apontam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e os livros da história política sertaneja. Em que Francisco Maia, pai, e os filhos Cesar Maia/Fogoió, na política mais recente, “investiam rios” de estrutura para combater o Barrão Fubá (Binú) do povoado Arraial. Até música tinha –

“Vamos, vamos gente, vamos às carreiras, derrotar os porcos e o Barrão da Laranjeira”, e mais outra: “Maria Binú põe a mesa e as cadeiras no carro do Chico Branco e vai pra Laranjeira”.

No entanto, apesar da derrama de dinheiro, a população do povoado Arraial, respondia nas urnas negativamente, enquanto o restante do eleitorado matiense, em sua maioria, votava na “proposta” dos Maias.

Com a emancipação em 1994/1995, ao tempo que foi um alívio para a família Maia, que comandava o Poder Executivo em Matias Olimpio, surgiu no cenário do recém município de São João do Arraial com adversário de Binú, o grupo comandado pela família Limma, que, conforme relatamos anteriormente foram derrotados em duas eleições consecutivas pelo Barrão Fubá de São João do Arraial.

A maturidade do eleitorado e a conseqüente disputa acirrada, voto a voto, que ocorreu nos três pleitos eleitorais, talvez, seja uma das respostas para destaque do município em foco no cenário do empreendedorismo nacional.

Binú, quando administrou Matias Olimpio, apesar do pouco estudo, conforme relato e obras. Binú já era visto como administrador com visões progressistas entre os matienses, e, Limma, pela sua articulação, persistência e formação (política e acadêmica), quando assumiu o comando da prefeitura, implantou uma nova filosofia administrativa no município e na região. O reconhecimento foi consagrado na sua reeleição, cuja maioria chegou a 900 votos num eleitorado de pequeno porte. E no inicio do 1º mandato de Limma, muitos matienses diziam que pelo seu jeito de administrar São João do Arraial (atípico da região) ele seria um prefeito bananeira. A realidade mostrou que estavam errados.

São João do Arraial para sua idade evolui a olhos vistos. Melhoria na Infra-estrutura, Banco Popular, moeda própria (Cocal), Escolar Agrícola com investimento europeu, resgate e valorização da cultura popular típica da região, como o Festival de Quadrilhas (7º) e o Tambor de Criola; o investimento da cultura nativa como o babaçu e a carnaúba; os projetos de cunho coletivos em parceria com os governos federal e estadual; a ousadia de se buscar recursos internacionais – Limma acompanhou o ex-governador Wellington Dias à viagem pela Europa -, enfim, foram, entre outros, motivos suficientes para o destaque e premiação do município no empreendedorismo nacional. Atualmente Limma pelo seu destaque administrativo foi nomeado para assumir o INCRA e presidir o Partido dos Trabalhadores no Piauí.

laecioPor Laécio Borges, ex-Vereador do município de Matias Olimpio (PI) e atual Presidente Regional do PRP do Piauí.

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