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PI 113 – destino: morte

Estrada acabadaEmbora as rodovias e estradas sejam essenciais ao atual estágio econômico da sociedade, a realidade da má conservação de algumas vias constitui fator de alto risco para os usuários. Um exemplo é a PI 113, sobretudo, o trecho de dezenove quilômetros, entre as cidades de José de Freitas e Cabeceiras, ligando a capital às cidades do norte do Estado, inclusive para a afamada Cachoeira do Urubu, destino de milhares de piauiense nesta época da Semana Santa, entre os municípios de Batalha e Esperantina.

Em recente matéria veiculada no site “Folha de Batalha”, fiquei indignado com esta situação que já se desenrola há bastante tempo. A matéria em questão suscita uma antiga empresa em nosso Estado a ingerência da gestão estadual no quesito estradas, só para citar uma entre tantas ingerências, as estradas são antigas promessas de campanhas de nossos políticos.Passam anos e anos e nada, se faz.

Assim, nos dar conta a redação do site em matéria que comenta a medida paliativa do DER, numa futura operação tapa buraco, depois da reivindicação do Prefeito da cidade de Barras Chico Marques:

“A obra de recuperação total da PI-113, rodovia que liga Barras a Teresina, foi abandonada pela Construtora Sucesso por falta de pagamento (a própria Construtora divulgou nota na imprensa relatando o motivo do abandono da obra).

Na Assembléia Legislativa do Piauí nenhum deputado abre a boca solicitando ao Governo do Estado a retomada imediata das obras da estrada, embora muitos tenham recebido votos dos batalhenses, barrenses, esperantinenses, luzilandeses…”. (Extrato da matéria publicada no site “Folha de Batalha”, Postada em 09/04/2011 às 03h03min).

Nos últimos dois anos tenho ido no período de férias ao Piauí, exclusivamente à Batalha. No dia 13 de junho de 2009, eu e um amigo mineiro, (Pe. Francisco Arcanjo da Silva) que fomos ordenados padres no mesmo dia, éramos conduzidos por essa mesma estrada, em companhia do Prefeito de Batalha Amaro Melo, que num gesto de nobreza conduzia a mim filho da Terra de São Gonçalo, da capital à Batalha, que no dia seguinte cumpriria o ofício canônico de rezar a minha primeira missa, junto aos amigos e familiares na Matriz de São Gonçalo. A estrada estava em péssimas condições de tráfego, naquela época do ano era o fim do inverno e o Piauí tinha sido devastado por uma grande enchente causando grandes e irreparáveis danos à população. Até ai era compreensível a situação da dita PI-113.

Ano passado em agosto tive a idéia de convidar um grupo de amigos paroquianos do interior de São Paulo, onde eu era Pároco para visitar e conhecer o Piauí, minha querida terra!

De fato, um grupo de nove pessoas, novamente o Pe. Francisco, que me acompanhará em junho de 2009, estava no grupo. Estamos todos no mesmo carro. E para nossa supressa novamente a estrada estava nas mesmas condições, ao ponto de o Pe. Francisco indagar se no Piauí, não tinha governo, eram os últimos meses do governo do Partido dos Trabalhadores, pois já se passara, um ano desde a sua primeira passagem pela PI 113. Uma estrada, sem placas sinalizadoras, animais na pista, buracos que nos confundiam, pois mais se parecia com o Iraque pós-guerra com suas crateras causadas pelas bombas americanas.

Dia 26 de dezembro de 2010, novamente estava eu desta vez como carona com o Pe. Evandro, Pároco de Batalha, que fazia verdadeiros malabarismos ao volante, tentando se desviar dos buracos que insistentemente ainda estavam lá para a minha surpresa, porém, maiores que os vistos em agosto, ao trafegar na mesma PI 113, eu tinha a sensação de que a estrada estava em condições ainda piores que os dois períodos anteriores aqui descritos.

Os conformistas podem dizer por que não seguimos por Campo Maior e evitaria estes constrangimentos. A estes digo: Lembre-se: para fazer a omelete é preciso quebrar os ovos. Mas não se exige sujar as mãos. Ou seja, não podemos ignorar os fatos, com medidas paliativas, que têm sido esta a atitude de muitos que vendem suas consciências e utopias por barganhas políticas.

Nos últimos meses tenho acompanhado os sites de notícias da região norte do Piauí, e a situação da dita estrada, continua a mesma. Diante disso resolvi me manifestar.

Seria tão bom que se as autoridades do norte, sobretudo, Cabeceiras, Barras, Batalha, José de Freitas, Esperantina, Luzilândia, Porto, Nossa Senhora dos Remédios, entres eles políticos, religiosos, juristas, lideranças, empresários, também se incomodassem com essa situação. Assim, como eu que de longe, estou indignado com a falta de respeito do poder público do Estado com esta situação. Em algumas estradas do Japão não há mais sinais de tsumani, e na PI 113 os sinais deles continuam lá há dois anos.

Em 2008, segundo o Ministério da Saúde, acidentes de trânsito ceifaram a vida de 36.666 pessoas – o equivalente a 100 mortes por dia! Nos últimos sete anos as vítimas somam 247.722. No mesmo período morreram, na guerra do Iraque, 62 mil pessoas, quase quatro vezes menos do número de óbitos nas rodovias do Brasil. Diante dessas estatísticas eu pergunto, será que o governo do Piauí quer contribuir ainda mais com estes números escandalosos? A demora em agir em relação à recuperação desses dezenove quilômetros de asfalto parece dizer que sim.

O Brasil é o único país do mundo que premia a obrigação. Acorde-se com um barulho destes: os 2.947 servidores do DNIT ganham um extra para trabalhar em benefício da coletividade. O privilégio, à custa do contribuinte, chama-se Bônus Especial de Desempenho Institucional (Besp) e foi proposto pelo Planalto e aprovado pela Câmara dos Deputados a 28 de outubro de 2009. Neste caso específico da PI 113, entre José de Freitas e Cabeceiras, o que o DNIT, ou o DER fez por essa coletividade que precisa dessa estrada?

A percepção da vida política do Piauí apresenta-se sob contornos essencialmente críticos. Não no sentido de desdenhar, irresponsavelmente, dos acontecimentos que envolvem tais aspectos, mas, em verdade, de se fazer um exercício para encontrar os problemas enfrentados no Estado, e que se transformam em obstáculos para o desenvolvimento de nosso Estado.

A impressão corrente que se tem da Política do Piauí liga-se ao domínio de alguns poucos grupos hegemônicos, que tem em comum o fato de, em geral, erguerem-se tradicionalmente em torno de empreendimentos empresariais e estenderem seus espaços de atuação para o campo político. A ligação entre poder econômico e político parece revelar uma conseqüência natural da mentalidade provinciana e tradicionalista, ao gosto das influências portuguesas, principalmente do período colonial da história do Brasil.

Tal contexto tende a provocar o desprezo do interesse social em benefício dos interesses escuso das pessoas que representam as lideranças políticas, è um problema cuja superação não é instantânea, que exige coragem e união de diversas frentes para expulsar, definitivamente, os resquícios de um perverso “mandonismo local”.

Sem falar no silêncio cúmplice dos meios de comunicação de massa, que por meio de um jornalismo imparcial e quase irresponsável, marcado pela manipulação das informações, a divulgação ou omissão dos fatos tudo isto porque a estética do poder exerce maior fascínio que a ética do serviço.

O ser humano é um bicho singular: horroriza-se com a morte quando ela vem por atacado: torres gêmeas, queda de avião, desabamento, tsunami, atiradores fanáticos… Mostra-se insensível se a Dama da Foice age no varejo, ceifando vidas em número muito superior aos das catástrofes repentinas: trânsito, fome, enfermidades curáveis, assassinatos (cerca de 40 mil/ano no Brasil).

Nossas estradas serão seguras quando se punir o conluio entre serviço público e empresas privadas, e a preservação da vida dos viajantes estiver acima de interesses pecuniários e eleitorais.

E peço que nenhum cidadão destes municípios que precisam da PI 113, façam qualquer gesto de agradecimento aos políticos pela medida paliativa, ou seja, pela piçarra colocada nos buracos, se é que colocaram mesmo. Pois, ninguém agradece ao padre por ele rezar, a missa, ele não faz, mais que a obrigação dele. Deixemos para agradecer ao padre quando ele rezar excepcionalmente bem a missa!

Em agosto próximo pretendo ir novamente ao Piauí será que eu terei novamente a supressa de trafegar na PI 113 como está, ou será diferente? È só esperar pra ver! Enquanto, se espera uma solução me despeço assim:

Até a próxima vítima que for assaltada, acidentada, ou que tiver o seu carro quebrado, ou o pneu furado; que não falte a proteção de Deus e a intercessão do patrono dos motoristas, São Cristóvão, a quem trafegar na PI 113, pois parece que quando se trata de estradas no Piauí, temos só a proteção de Deus!Porém, Deus não faz pelos homens nada que eles possam fazer por si mesmos. Ainda mais quando estes homens são políticos!

Padre Leonardo de SalesPadre Leonardo de Sales é escritor, e batalhense, reside atualmente em São Paulo – SP.

Fonte: Folha de Batalha]]>

6 Comentários

  1. Salutar o Artigo do Padre Leonardo,pois a populção piauense vivi gastigada a Séculos pelas ingerências de governos que se dizem salvador da pátria.É lastimável, inaceitável e desrespeitoso um percurso de 19 kilômetros nas condições que está.A população não pode ficar omissa dinte dessa sitaução de total desrespeito desses governantes.PROTESTOS JÁ! A função dos representes do povo não é fovor, é obrigação.

  2. está nesta condicoes por que nos aceitamos,teremos que ser mais unidos,temos que reinvidicar contra esses corrupitos,temos que da o troco,temos que comecar uma guerra contra esses bandidos chamados politicos corrupitos.nao vote neles.

  3. Este governo já demonstrou, desde os debates e embates políticos, que seria incompetente e o pior da história do Piauí. Esta estrada, intrafegável, há mais de dois anos, é a maior prova disso. S salada que envolve os poderosos é bem peculiar: Os Claudinos, Wilsão Martins e os caladaos prefeitos dos município afetados com seu povo. Só podemos lamentar, os assaltos, a depreciação dos automóveis, o tempo perdido, etc. Quem paga tudo isso? resposta óbvia: o povo que não sabe escolher seus governantes. E o ministério Público? onde está também? CALADO, conivente com toda essa situação de calamidade e irresponsabilidade com os bens público. Este é o nosso e sempre pobre Estado do Piauí e seu povo, rico em maus gestores, corrupção e sofrimento.

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