Polícia

MP do Piauí investiga vereadora Tatiana Medeiros por suspeita de “rachadinhas” e nepotismo

As apurações indicam que a vereadora utilizou o cargo para beneficiar parentes próximos, entre eles o padrasto Stênio Ferreira Santos e o cunhado Lucas de Carvalho Dias Sena.

O Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI) instaurou uma investigação contra a vereadora de Teresina Tatiana Medeiros (PSB) por suspeitas de favorecimento de familiares, prática de “rachadinhas”, nepotismo e uso indevido da estrutura pública para cumprir promessas eleitorais.

A apuração é conduzida pelo promotor de Justiça Flávio Teixeira de Abreu Júnior, da 35ª Promotoria de Justiça da capital, e foi publicada no Diário Oficial do MP em 16 de setembro.

A investigação ocorre após o avanço do inquérito da Polícia Federal, que prendeu a parlamentar sob acusação de envolvimento com a facção criminosa Bonde dos 40. De acordo com o órgão, Tatiana teria recorrido à organização para financiar sua campanha de 2024 e garantir sua eleição.

Favorecimento a familiares e esquema de “rachadinha”

As apurações indicam que a vereadora utilizou o cargo para beneficiar parentes próximos, entre eles o padrasto Stênio Ferreira Santos e o cunhado Lucas de Carvalho Dias Sena. Conforme o relatório do MP, Stênio atuava como operador financeiro da parlamentar, recebendo valores da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal de Teresina, que eram repassados integralmente à vereadora — o que caracteriza um esquema de “rachadinha”.

Além disso, Stênio foi nomeado Assessor Especial da Presidência da Câmara, com remuneração retroativa desde novembro de 2024, e apresentava movimentações bancárias muito superiores à sua renda formal, o que reforça as suspeitas de irregularidades financeiras.

Ligações com facção criminosa e movimentações suspeitas

O Ministério Público também aponta que Stênio teria intermediado repasses provenientes de Alandilson Cardoso Passos, identificado como liderança da facção Bonde dos 40 e companheiro de Tatiana Medeiros. Esses repasses estariam ligados à prática de agiotagem e lavagem de dinheiro. Em ano eleitoral, a conta de Stênio saltou de R$ 212,9 mil para R$ 702,6 mil em créditos, um crescimento de aproximadamente 230%.

Os investigadores identificaram ainda transferências da Câmara Municipal para Stênio no valor de R$ 10,9 mil, realizadas logo após a eleição da vereadora — evidência que, segundo o MP, reforça a hipótese de uso de recursos públicos para recompensar aliados.

Indícios de compra de votos e uso político de cargos públicos

Outro ponto em análise é o envolvimento do cunhado da vereadora, Lucas de Carvalho Dias Sena. No dia anterior à eleição de 2024, a parlamentar enviou chaves Pix à irmã de Lucas com instruções para transferências de R$ 100, valor que coincide com quantias pagas em compra de votos.

De acordo com o relatório, Lucas movimentou mais de R$ 53 mil em repasses, incluindo R$ 10 mil enviados à vereadora e R$ 4 mil a Alandilson no próprio dia da eleição. Conversas interceptadas pela investigação revelam que o companheiro da parlamentar afirmava contar com o mandato de Tatiana para “ajudar em negociações”, o que sugere o uso do cargo público em benefício pessoal e de integrantes da facção.

Ações do Ministério Público e próximos passos

Com base nesses indícios, o MPPI instaurou o Procedimento Preparatório nº 016/2025/35ªPJ, notificando os investigados para prestarem depoimento e determinando o envio de cópias do inquérito a outros núcleos do órgão, responsáveis pela análise de possíveis crimes financeiros e desvios de recursos na Fundação Instituto Vamos Juntos.

A investigação segue em andamento e pode resultar em denúncia formal por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Até o momento, a defesa de Tatiana Medeiros não se manifestou oficialmente sobre o caso.

Meio News

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