Um ano após o rompimento da Barragem Algodões, a reclamação de quem sobreviveu à tragédia é uma só: saúde debilitada. É o caso da aposentada Luzia Maria de Araujo e do marido, Francisco Correia de Araujo.
Hoje, a rotina de Dona Luzia é tomar remédio para controlar a pressa arterial. No dia do rompimento, nas várias tentativas de escapar da água, uma crise nervosa marcaria um novo tempo em sua vida.
“Quando foi de 12:00 para as 13:00 horas, disseram que tinha caído à derradeira placa. Eu já estava nervosa. Liguei para os meus filhos. Nesse dia eu tomei vários comprimidos pra nervo. De lá pra cá, nunca mais tive saúde. Eu não queria vir mais pra cá não”, afirmou a aposentada.
Ela conta que sua família tinha passado 15 dias em Cocal, já que haviam (governo) anunciado que a barragem poderia romper.
“Chegamos do Cocal sábado à tarde. Passamos aqui domingo, segunda, terça, aí quando foi quarta-feira de manhã eu vi aquela água passando ali na frente. Perguntei pro meu marido o que esta água tinha, que ela estava passando aqui. Ai ele disse que era água da barragem”, lembra.
Diante da notícia que o pior estava por vir, a aposentada conta que a única ação era correr contra o tempo. “Arrumei tudo. Se a gente tivesse aqui tinha morrido. O velho não tinha pra onde ele ir, teve que subir no morro e passar a noite lá. Nós morrendo de medo. Eu pensava que tinha derrubado minha casa, mas estragou tudo. Escapamos em cima da hora”, afirma dona Luzia, emocionada por ainda ter um teto para morar.
Empréstimo – quando voltaram para a casa, se depararam com lama por todos os lados. Foram vários dias para remover os entulhos. Seu Francisco fez um empréstimo de R$ 4 mil para recuperar o que foi destruído, já os móveis foram adquiridos com a indenização de R$ 5 mil dada pelo governo.
“Perdi mesmo foi a minha saúde. Só ando me tremendo e no remédio”, disse seu Francisco, que aos poucos, vê sua terrinha dá frutos novamente.
Fonte: Acesse Piaui