Superintendente da PF faz alerta sobre as facções e detalha prisão do “Anjo da Morte”
Francisco Jefferson da Silva Cruz, conhecido como Anjo da Morte, suspeito de atirar no advogado André de Almeida Sousa, filho do presidente do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI), já era monitorado pela Polícia Federal.
Em 2022, em uma das fases da operação Desmonte, ele conseguiu escapar do cerco policial na cidade de Cocal, a 268 km de Teresina, mas uma foto 3×4 deixada no local forneceu mais provas para robustecer a investigação da PF e a ligação dele com a facção criminosa Comando Vermelho. O superintendente da PF no Piauí, delegado José Antônio Simões de Oliveira Franco, alerta para o alto poder de articulação das organizações criminosas e é enfático ao declarar que a investigação não para enquanto o crime organizado atuar no Piauí.
“A gente vê as organizações criminosas cada vez mais evoluindo, integrando em algumas ações e a forças de segurança não podem ficar alheias a esse movimento. As facções criminosas hoje no Brasil têm um nível muito elevado, inclusive tecnológico. Utilizam de meios de comunicação e tentam se evadir da ação policial, se utilizam de critérios bem avançados para lavagem de dinheiro, ocultação de capitais e esse é um dos principais objetivos da Força tarefa, além de identificar os líderes e os membros das facções, um dos fatores primordiais é identificar e apreender patrimônio dessas facções, descapitalizar as organizações criminosas […] As investigações da Força Tarefa são contínuas. As prisões são rotineiras. Cada prisão dá ensejo a um novo movimento, uma nova investigação e não para! enquanto o crime organizado atuar no Piauí, a Força Tarefa vai atuar tentando reprimir essas ações”, destaca o superintendente da PF no Piauí que relembra que em 2022, mais de 100 faccionados foram presos e mais de 50 veículos de criminosos apreendidos, patrimônio revestido em prol do estado.
A foto de Jefferson seria usada em uma espécie de cadastro para integrar a facção criminosa. Uma ficha completa de outro investigado, também considerado faccionado, foi apreendida durante a operação. Nela, além da foto e nome constam as seguintes informações: “data da entrada, vulgo, artigo, aonde se encontra preso ou solto, se é casado ou solteiro e o contato”.
“Nessa operação do ano passado, em uma das ações, foi localizado um endereço e ele [Jefferson] esteve ali, mas conseguiu fugir. Continuamos a investigação, continuamos aprofundando e tentando identificar e localizar essas pessoas. Conseguimos agora, obviamente, com o trabalho da Polícia Civil e Militar e outras instituições. Ele tem registro de crimes no estado do Ceará e no Piauí, envolvimento na organização criminosa, há suspeita de participação em outros crimes. Ele é membro de uma facção criminosa, é perigoso, tanto que praticou esse crime lamentável na semana passada. O trabalho da Força de Segurança é tentar trazer um pouco mais de tranquilidade para a população e afastar quem rompe a linha da legalidade”, explica o delegado da PF.
POLÍCIA INTEGRADA
A prisão de Francisco Jefferson é resultado da Força Tarefa de Segurança Pública do Piauí (FTSP-PI) , grupo que funciona na cidade de Parnaíba, no litoral do Piauí, mas é composta por integrantes de todas as forças policiais no Piauí. O delegado frisa a importância da integração no combate às organizações criminosas.
“Especificamente, quanto a esse caso de tentativa de homicídio, a Polícia Civil, com sua devida atribuição, instaurou inquérito policial, e deu inicío às investigações. A Força Tarefa já vinha investigando tanto o Jefferson quanto à esposa. Identificamos, através de uma das imagens da câmera de segurança, uma leve tatuagem no rosto da esposa do Jefferson. Por meio dessa tatuagem, fomos buscar nos arquivos da Força Tarefa que foram repassadas informações para a Polícia Civil que deu continuidade às investigações com a identificação desse criminoso”, destaca o delegado.
Além do envolvimento com a organização criminosa, Jefferson vai responder pela tentativa de homicídio contra o advogado e receptação. No momento da prisão, ele e a esposa Suzana do Nascimento Gomes- que também deve responder por ligação com facção criminosa- estavam com dois veículos com restrição de roubo, arma de fogo e munições.
“Esse casal já era monitorado em outras investigações da Polícia Federal que, junto com a Força Tarefa, acompanhou algumas ações de facções criminosas e em diversas ocasiões apareceram como partícipes. Eram investigados como membro de facções criminosas por conta disso que foi representado pela prisão dos dois que chegou a culminação da identificação posterior e efetiva prisão no sábado“, destaca o delegado José Antônio Simões.
Por Graciane Araújo