Adalberto Pereira, petista da ala Militância Socialista do Piauí, enviou carta aos diretórios municipais defendendo a candidatura própria do PT ao Governo do Estado. No documento, ele contesta a forma como o partido definiu sua participação na base aliada, desistindo da candidatura própria para apoiar o governador Wilson Martins (PSB).
“As instâncias do partido não são mais consultadas e nem estimuladas a fazerem o debate e tomarem as posições, independência, ética, transparência, honestidade, valores que sempre pautaram o Partido dos Trabalhadores nestes seus 30 anos de existência, esta colocada em último plano”, diz a carta.
“Só os interesses pessoais e carreiristas de alguns poderiam justificar o não lançamento de uma candidatura ao governo do Estado pelo PT do Piauí”, acrescenta.
O documento pede que os diretórios municipais se mobilizem para mudar a situação, emitindo opinião sobre o assunto.
Veja a íntegra da carta:
CARTA ABERTA AOS DIRETORIOS MUNICIPAIS DO PT/PI
Companheiras e Companheiros:
O PT sempre fez a diferença com os partidos tradicionais no Brasil no que toca a democracia interna que sempre o exercitou através da participação das bases nas suas decisões importantes, ou seja, participação com debate e oportunidade de se manifestar. Infelizmente, nos últimos anos, esta prática vem desaparecendo paulatinamente e, recentemente, se consolidando, a prova disso é que as instâncias do partido não são mais consultadas e nem estimuladas a fazerem o debate e tomarem as posições, independência, ética, transparência, honestidade, valores que sempre pautaram o Partido dos Trabalhadores nestes seus 30 anos de existência, esta colocada em ultimo plano.
No Piauí, as duas últimas gestões do PT comandadas pelo Senhor Fábio Novo que tem origem na forma tradicional de fazer política, somado ao caso do partido ser governo e ter uma relação com este de submissão, levou a bancarrota a frágil e propalada democracia interna. A prova mais contundente do abandono da democracia interna do PT piauiense é o caso da sucessão de governador/2010 ter se tornado um jogo de poder e empurra-empurra das mais vergonhosas, deixando o partido entrar no modo tradicional de se fazer política, ferindo frontalmente a sua brilhosa trajetória histórica.
Registra-se ainda, que a maioria de nossas lideranças públicas do PT do Piauí, se transformaram em chefes tradicional da política, e com a omissão da maioria de sua direção (PT) definiram os rumos da sucessão para projetos de cunho pessoal, sem levar em consideração o sentimento da base com a nossa democracia participativa.. Viver o dilema de ter ou não candidatura própria para atender a interesses localizados e pessoais é tirar a oportunidade histórica do PT de continuar contribuindo mesmo lentamente com o processo de desenvolvimento econômico e social do nosso querido Piauí.
Diante das ponderações acima, fica a plena certeza de que só os interesses pessoais e carreiristas de alguns poderiam justificar o não lançamento de uma candidatura ao governo do Estado pelo PT do Piauí.
Finalmente, como se explicaria o Partido do Governo mais bem avaliado na história do Piauí e do Brasil não ter condições de concorrer a sua própria sucessão?
São interrogações que devem passar pelas cabeças de muitos petistas, mas que não encontram espaço e oportunidade de se manifestar porque os donos do partido, no Piauí, não os permitem!
É por causa disso que queremos exercer o direito de manifestação com reflexões e debate, conclamando as direções municipais a se reunirem e emitirem a posição sobre esta conjuntura.
Devemos ou não concorrer ao governo do estado com candidatura própria? Vamos debater reunindo a instância de cada município para que a decisão final seja do partido.
Abril/2010
Adalberto Pereira de Sousa
Militância Socialista do Piauí
Fonte: Cidade Verde