Brigas por terra: Lázaro pode ter sido o jagunço da especulação imobiliária
A morte de Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, não encerra as investigações sobre a participação do psicopata em assassinatos, invasões, roubos, sequestros e estupros.
A polícia quer esclarecer, agora, pontos nebulosos da relação do psicopata com uma suposta rede criminosa que, segundo o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, pode explicar o terror espalhado pelo maníaco ao longo de 20 dias no DF e em Goiás.
Crimes por encomenda, disputas de terras e especulação imobiliária estão entre as linhas a serem exploradas pela Polícia Civil de Goiás (PCGO).
Lázaro morreu com pelo menos 38 tiros, nessa segunda-feira (28/6), após resistir à prisão.
Segundo Rodney Miranda, as investigações apontam que Lázaro agiria como jagunço e segurança, “um executor de ordens”. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), também falou na mesma linha:
“Ele não é um lobo solitário. Tem uma quadrilha por trás”.
Outro fato que reforça a teoria é o dinheiro encontrado no bolso de Lázaro: R$ 4,4 mil. O dinheiro seria utilizado para o psicopata sair de Goiás, já que não havia interesse na rede que o acobertava que ele fosse preso e entregasse seus comparsas.
Na mochila do criminoso, também havia remédios, alimentos instantâneos e muita munição. Itens de difícil acesso pelo maníaco, que estaria escondido na mata durante o período que esteve foragido. O psicopata também estava com a barba feita e usava um agasalho da Polícia Militar do DF.
De acordo com Rodney Miranda, o grupo que ajudava o fugitivo também espalhou informações falsas para despistar os policiais e dificultar a captura de Lázaro.
Crime por encomenda
Depoimentos prestados à Polícia Civil do DF (PCDF) por testemunhas durante as investigações da morte da família Vidal, em 9 de junho, no Incra 9, em Ceilândia, já indicavam que Lázaro não agia sozinho.
Uma pessoa que teve a chácara invadida em 17 de maio no DF contou que o psicopata chegou a se desculpar “dizendo que tinham encomendado uma cabeça, mas que ele havia entrado na casa errada”.
Outra testemunha, parente dos Vidal, relatou que no ano passado, cinco ou seis integrantes da família venderam suas frações de terra que receberam de herança no Incra 9 para uma mesma pessoa. O depoente, por exemplo, vendeu a parte dele por R$ 1 milhão, o que demonstra o interesse imobiliário na região.
Advogado dos familiares da família Vidal, Fábio Alves acredita que Lázaro poderia ter outras motivações para a chacina que não fosse apenas roubar. “Briga por terras, crimes cometidos para comprar áreas mais baratas, vingança. Tudo isso deve ser apurado”, disse.
A área entre Edilândia, Girassol e Cocalzinho, em Goiás, onde Lázaro se escondeu por boa parte de sua fuga, também é alvo de especulação. A força-tarefa que procurava pelo criminoso chegou a falar que, com a presença dele na região, chacareiros e fazendeiros começaram a vender propriedades a preços mais em conta, o que poderia favorecer o enriquecimento de outras pessoas, como Elmi Caetano, 74, preso por ajudar o psicopata.
Outra ponta das investigações é o assassinato de um caseiro em Cocalzinho, dias antes da chacina da família Vidal. Segundo testemunhas, Lázaro chegou encapuzado e com colete à prova de balas. Entrou na propriedade atirando e não levou qualquer pertence da vítima. O inquérito está aberto, e uma execução não está descartada.
O secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, disse que há oito inquéritos abertos no estado sobre crimes praticados por Lázaro. Pontuou ainda que o matador teria mais de 30 crimes nas costas – entre os quais, homicídios, latrocínios (roubo seguido de morte), assaltos e estupros. De acordo com o titular da pasta, outros seis inquéritos foram abertos pela Polícia Civil do DF (PCDF).
Ao ser questionado sobre a existência de um esquema de compra e vendas de lotes na região, ao qual Lázaro pudesse fazer parte, Rodney Miranda afirmou que as investigações trabalham em todas as linhas. “Temos várias linhas de investigação, e essa é uma delas. Nós entendemos que teve participação de outras pessoas. Ou no mando ou até na execução. Isso será esclarecido posteriormente”, complementou o secretário.
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