Política

A triste e inexplicável morte de Firmino Filho

A cidade de Teresina foi tomada, ontem, de impacto,  de surpresa e tristeza, diante  da morte prematura, inexplicável e chocante do ex-Prefeito da nossa Capital, Firmino da Silveira Soares Filho.

Aos 57 nos de vida interrompeu uma carreira política vitoriosa, para ser lembrado com saudade por muitos, e com respeito pela grande maioria da população, especialmente daqueles que o elegeram, por quatro mandatos, para dirigir os destinos do município.

Grande expoente do Partido da Social Democracia (PSDB), Firmino Filho elegeu-se prefeito para o primeiro de seus quatro mandatos nas eleições municipais de 1996, assumindo em janeiro de 1997, passando a governar a cidade até 31 de dezembro de 2004, reeleito que fora no ano 2000.

Firmino foi, na prática, o herdeiro de Wall Ferraz, o líder político que deixou marcos administrativos importantes na cidade, lendário por seu estilo próprio de administrar, e que morreu no exercício do mandato, sendo substituído pelo vice-prefeito Francisco Gerardo, que ficou no cargo até a posse do eleito em 96.

Tinha apenas 34 anos de idade quando conquistou seu primeiro mandato, daí ganhando o título carinhoso de “prefeito-criança”, que lhe foi atribuído pelo UNICEF, graças ao trabalho que desenvolveu, durante a  primeira gestão, no atendimento a crianças e adolescentes. Sua carreira política, contudo, inicia-se aos 28 anos de idade, quando, em 1993, assume a Secretaria de Finanças da Prefeitura de Teresina, justamente na gestão do prefeito Wall Ferraz.

Nascido em Teresina em 16 de Dezembro de 1963, formou-se em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco e cursou mestrado na Universidade de Illionois, nos Estados Unidos. Além das quatro conquistas eleitorais como prefeito de Teresina, Firmino foi vereador, deputado estadual, presidente da Fundação Municipal de Saúde, professor concursado da Universidade Federal do Piauí e auditor do Tribunal de Contas da União.

Em sua passagem pela Prefeitura da Capital, deixa marcas importantes, sobretudo no terreno da Educação pública que, sob seus cuidados, tornou-se uma referência nacional de qualidade, e desenvolveu um trabalho marcante na consolidação de projetos ligados a bairros e vilas da cidade, a assentamentos urbanos, sendo premiado internacionalmente por esse desempenho.

Aliás, no exercício do seu último ano de mandato, em 2020, Firmino Filho teve um desempenho exemplar nas ações de prevenção e de acolhimento dos pacientes do Coronavírus, adotando as medidas restritivas necessárias a conter o avanço da doença.

Casado com Lucy de Farias Soares, atualmente deputada estadual pelo Piauí, era pai de Bruno, Bárbara e Cristina.

Firmino era um fidalgo. Uma pessoa gentil e um político hábil. Ninguém conquistaria as vitórias públicas que conquistou, não tivesse as qualidades e o saber para transitar por um terreno, o da política, nem sempre livre de obstáculos, dificuldades e armadilhas.

Firmino Filho deixa saudades e fará muita falta à política, especialmente ao diálogo, que se torna o ingrediente indispensável para que a própria política prevaleça com decência e esperança.

Em sua última postagem no Twitter, há quatro dias, Firmino escreveu:

 

“É preciso conservar a força no espírito para se manter forte e esperançoso em dias tão difíceis. Nessa sexta-feira santa, meu desejo é que a grande lição de esperança dada por Jesus há tantos anos, possa ser finalmente entendida. Possa ser finalmente praticada.”

Que suas últimas palavras sirvam aos que ficam como uma lição e uma reflexão sobre o que todos estamos fazendo com a política e com as nossas próprias vidas.

 

Por José Osmando de Araújo

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