Governador prorroga decreto, antecipa feriado para sexta e lockdown de dois dias
O governador Wellington Dias (PT) confirmou na noite do último sábado (20) a decisão de prorrogar por mais uma semana as medidas restritivas para tentar frear a transmissão do novo coronavírus.
Wellington Dias prorroga o decreto, que vence amanhã, até o dia 28, e anunciou antecipação de feriado para a sexta-feira e lockdown parcial para sábado e domingo.
O governo não anunciou o feriado que será antecipado. A Procuradoria Geral do Estado analisa qual é o feriado, levando em conta a legislação municipal, estadual e federal e anunciará somente na segunda-feira.
Nos três dias (sexta, sábado e domingo) só funcionará os serviços essenciais. O toque de recolher está mantido também a partir das 21 h.
Após reunião com o COE (Comitê de Operações Emergenciais) do estado, o governador resolveu prorrogar as medidas. Segundo ele, aumenta o número de óbitos no Piauí, chegando a 38 mortes como ontem, a ocupação de leitos que chega ao limite e a dificuldade de aquisição de insumos e medicamentos para os hospitais.
Ocupação de leitos em regiões do estado já chega a 100%, mais de 160 pessoas estão na fila de espera de um leito de UTI ou enfermaria.
Nos três dias ficam suspensas todas as atividades econômico-sociais, com exceção das seguintes atividades consideradas essenciais:
Mercearias, mercadinhos, mercados, supermercados, hipermercados, padarias e produtos alimentícios;
Farmácias, drogarias, produtos sanitários e de limpeza;
Oficinas mecânicas e borracharias;
Lojas de conveniência e lojas de produtos alimentícios situadas em rodovias estaduais e federais, exclusivamente para atendimento de pessoas em trânsito;
Postos revendedores de combustíveis e distribuidoras de gás;
Hotéis, com atendimento exclusivo dos hóspedes;
Distribuidoras e transportadoras;
Serviços de segurança pública e vigilância;
Serviços de alimentação preparada e bebidas exclusivamente para sistema de delivery ou drive-thru;
Serviços de telecomunicação, processamento de dados, call center e imprensa;
Serviços de saúde, respeitadas as normas expedidas pela Secretaria de Saúde do Estado do Piauí;
Serviços de saneamento básico, transporte de passageiros, energia elétrica e funerários;
Agricultura, pecuária, extrativismo e indústria;
Bancos e lotéricas.
O governo mantém as medidas adotadas no decreto n.º 19.529, de 14 de março de 2021. Ficam suspensas as atividades que envolvam aglomerações, funcionamento do comércio até as 17h e shopping centers das 12h às 20h; proibição da circulação de pessoas das 21h às 5h.
“Concluímos a reunião com a presença de vários membros da sociedade onde foi apresentada uma dura situação. Ontem (19), tivemos esse crescimento brusco para 38 óbitos (por Covid-19). Infelizmente, há uma fila para vagas de UTI e leitos clínicos e ainda uma situação que afeta o Brasil inteiro na área do abastecimento hospitalar (de medicamentos que compõem o chamado kit intubação). Aprovamos a prorrogação de medidas até o próximo domingo (28) com medidas mais restritivas na sexta, sábado e domingo para ver se a gente consegue colher bons resultados na redução da transmissibilidade, adoecimento internações e óbitos para salvar vidas no Piauí”, afirmou Wellington Dias.
A presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Mírian Parente, integrante do COE Ampliado, apoia a decisão e manutenção das medidas restritivas. “A gente entende que a transmissibilidade só vai diminuir se a gente, de fato, aumentar as medidas de restrição. Esse é o posicionamento do conselho e nos manifestamos junto com a OAB e outros conselhos”.
O vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Teresina (Sinduscon), Guilherme Fortes elogiou a medida. “Ouvir a sociedade é muito importante, que é o que está fazendo agora. A sugestão de parar na sexta, que podemos fazer local, é importante. Se nós fecharmos um lockdown semanal, não vamos conseguir. As polícias têm outros focos, não dá pra fazer a fiscalização geral, teremos desobediência. A ideia de parar na sexta é a mais acertada no momento”, avaliou.
Estoque para 20 dias
“Nos hospitais, temos estoque destes medicamentos para 10 dias e, no depósito, para outros dez dias. Porém, estamos agilizando um sistema de compra e tivemos uma agenda técnica ontem com a equipe técnica do ministério para garantir a compra. Fizemos contato com os fornecedores, que são produtores diretos, credenciados no Ministério da Saúde e prometeram nos fornecer para sairmos dessa linha de risco”, explicou o governador.
“Em relação ao isolamento, o governador disse que o Piauí evoluiu nos últimos dias. “O Piauí chegou a um índice de 2.8. Agora, em março, ficamos em torno de 1.5 e na última semana chegou a 1.3. O objetivo é reduzir para abaixo de 1. No nosso melhor período, chegamos a 0.54-0.70 que é um bom parâmetro. Estamos trabalhando para derrubar essa transmissibilidade. O objetivo é ir para abaixo de 1”, relatou. O governador também ressaltou que os laboratórios do Butantan e Fiocruz regularizaram e aumentaram a produção de vacinas e nas próximas semanas deve haver a adição de imunizantes como a Sputinik russa, além do esforço de ex-presidentes e de conversas com países como EUA, Coréia do Sul e Reino Unido a fim de obter mais doses para o Brasil.
A coordenadora da Central de Regulação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), Luciane Formiga, apresentou dados durante a reunião que mostram um forte crescimento no número de pacientes em fila de espera para leitos de UTI ou clínicos. No dia 1º de março eram 12 pacientes; no dia 19, eram 162. “Por mais que se amplie leitos, não temos insumos, equipes e equipamentos que deem conta de uma demanda desta, que cresceu mais de 12 vezes. Não temos como ampliar a rede nesta mesma proporção. É impossível. São pacientes graves que dependem de um alto fluxo de oxigênio”, ponderou.
O governador Wellington Dias assegurou que o Estado ampliou os leitos ao máximo. “Não há pessoal. Não há profissionais. Só é possível abrir leitos onde há profissionais. Nas unidades onde havia dez leitos (de UTI), ampliamos para 20. Eu chamo atenção e é importante alertar aquelas pessoas que pensam que a saída é mais leitos. Essa saída não existe nem no aqui nem em qualquer lugar do Brasil. Em dado momento, a gente até poderia abrir uma chamada e vinham profissionais de outros estados. Agora nem isso mais, porque esgotou geral. É um drama que queria destacar”, explicou.
O secretário de Estado da Saúde, Florentino Neto, reforçou a necessidade de evitar mais contaminações para desafogar o sistema e profissionais de saúde. “A gente não tem condição de dizer que vai existir novos leitos. Os leitos que estão surgindo são da extrema capacidade dos nossos diretores. Precisamos ter o corte da transmissão. O caminho é o da ciência para cortar a transmissibilidade”, disse Florentino Neto.
Com informações do governo do estado