O Acidente Vascular Cerebral – AVC, sofrido por exemplo pelo ex-Deputado Federal, Clodovil Hernandes, mostra a importância do conhecimento, por parte da população, dos sinais e sintomas desse problema. Os Acidentes Vasculares Cerebrais ou Derrames, como são conhecidos pelos leigos, podem ser de dois tipos: isquêmicos, quando falta sangue ao cérebro, ou hemorrágicos, quando acontece um sangramento dentro do cérebro.
Nos acidentes hemorrágicos, um vaso sanguíneo, artéria ou veia se rompe e o sangue se espalha. Um bom exemplo de como isso pode ocorrer é a ruptura de um aneurisma. Já os acidentes isquêmicos acontecem quando uma artéria fica obstruída, impedindo o fluxo de sangue normal para as células do cérebro. Dependendo da localização da artéria obstruída, uma área maior ou menor do cérebro ficará sem receber oxigênio e nutrientes.
Como reconhecer um AVC
Os Acidentes Vasculares Cerebrais são emergências médicas, e o tempo é o fator crucial para permitir um atendimento adequado e melhores chances de recuperação, além de menos sequelas posteriores.
Portanto, é importante lembrar que qualquer pessoa que apresente uma alteração que possa significar uma mudança do funcionamento cerebral deve ser levada a um serviço de emergência para avaliação. Quais os sinais que devem ser observados?
Perda súbita da força ou dos movimentos em um dos membros ou face, geralmente atingindo um dos lados do corpo; perda da visão de um dos olhos de forma súbita; dificuldade de equilíbrio do corpo para caminhar ou mesmo se manter de pé; dor de cabeça súbita e muito intensa inesperada.
Uma observação importante: todos esses sinais podem ocorrer de forma fugaz com recuperação espontânea, mas mesmo assim a avaliação especializada é indispensável.
A prevenção, como sempre, é a melhor opção. Para isso, é preciso conhecer os principais fatores de risco para a ocorrência de um AVC. A hipertensão arterial é a principal causa associada aos derrames. Os hipertensos, se não tratados adequadamente, têm de quatro a seis vezes mais chances de sofrer um AVC. Estudos científicos mostram que, apesar do diagnóstico de hipertensão ser feito com frequência, o tratamento não é seguido na maioria dos casos.
Além da hipertensão, outros fatores contribuem para tornar o acidente vascular cerebral uma epidemia real em nossa sociedade. A fibrilação atrial, uma alteração do ritmo do coração, aumenta o risco de derrames. O diabetes e o tabagismo também são vilões para a ocorrência de um AVC.
As opções de tratamento
O cérebro humano, quando atingido por um acidente vascular, pode ser salvo se receber tratamento adequado e em tempo. Os acidentes isquêmicos são os mais freqüentes, respondendo por mais de 85% dos “derrames” — aqueles causados quando uma artéria fica obstruída por um coágulo, impedindo o sangue de alimentar as células.
Existe um tratamento para desobstruir as artérias: trata-se da injeção de uma substância capaz de dissolver esses coágulos ? os trombolíticos. Ela atua sobre o coágulo e pode restaurar o fluxo natural de sangue. Infelizmente, poucos pacientes recebem esse tratamento.
Mesmo nos Estados Unidos, segundo um trabalho realizado pela Cleveland Clinic de Ohio, somente 2% das vítimas de acidentes vasculares cerebrais recebem o tratamento com trombolíticos. A principal causa para essa pequena utilização está no fato de que o tratamento só é efetivo se for administrado nas primeiras três horas após o início dos sintomas.
Além dessa razão, existem contra-indicações ao método que devem ser respeitadas pela equipe que está tratando da vítima do derrame. Um paciente tratado a tempo pode ficar sem déficits neurológicos ou ter as conseqüências do problema bastante diminuídas.
O que deve ser feito
É muito importante prevenir a ocorrência dos AVCs através do controle dos fatores de risco. Além disso, é fundamental que a população reconheça os sintomas dos derrames a tempo e que o tratamento esteja disponível para todos que precisarem.
Luis Fernando Correia é médico e apresentador do “Saúde em Foco”, da CBN.
Fonte: Globo.com