No Café com Informação desta semana, Arimatéia Azevedo conversa com Cassandra Lages Veras, tia de Fernanda Lages, assassinada há quase cinco anos, na construção do prédio do Ministério Público Federal, na Avenida João XXIII. Durante a entrevista, Cassandra revela detalhes, nunca antes divulgados para a imprensa, de conversas com policiais e contradições de testemunhas do crime.
“A nossa família mantém a convicção que Fernanda não se matou”, revelou Cassandra Lages Veras, tia de Fernanda Lages, no Café com Informação desta semana. Cassandra revela que uma trama foi construída e divulgada na mídia para fazer a população acreditar em mentiras. “Primeiro destruíram a imagem dela dizendo que ela era uma garota de programa, depois dificultaram, de todas as formas, o acesso às informações. O vigia foi instruído a mentir”.
Assassinada há quatro anos e sete meses o inquérito de Fernanda permanece aberto, em meio a informações obscuras, contradições e destruição de provas. A própria Polícia Federal, no início da sua investigação, informou à família que pediria uma punição aos policiais civis que investigavam o caso, porque o delegado Antônio Freitas, à frente das investigações, disse à família que se tratava de assassinato.
Ao final do inquérito, seu relatório foi, surpreendentemente, inconclusivo, pois apontou que Fernanda poderia ter se suicidado ou vítima de acidente, tendo caído do alto do prédio. Freitas não sugeriu, como prometeu, punição para os delegados da Cico.
Assista abaixo a entrevista na íntegra:
“Numa das vezes que o delegado Freitas me chamou falou que as pegadas na cena do crime haviam sido destruídas por um policial que pisou em cima delas para comparar o tamanho dos pés. Ele me disse que pediria uma punição aos policiais civis que destruíram estas e outras evidências do assassinato, o que não aconteceu”, revelou Cassandra.
Diversas situações entranhas aconteceram durante a investigação, que passou por duas delegacias da Polícia Civil, antes de ir para a Federal.
“O delegado Mamede Rodrigues pediu o computador e nós o entregamos. Depois disso nunca mais o vimos. Primeiro disseram que não tinham a senha, depois que a senha havia sido modificada por um agente da Polícia Civil. De concreto, nada sabemos sobre o que havia no computador e ele de nada serviu para o inquérito, explicou a tia de Fernanda Lages.
O vigia da construção do prédio do Ministério Público Federal (Domingos), onde aconteceu o crime, também foi uma fonte de contradições.
“O vigia descreveu o acompanhante da Fernanda naquela noite como sendo alto, alvo e magro, no primeiro momento, assim que o corpo foi encontrado. Depois se declarou analfabeto e cego e disse que não tinha visto, nem ouvido nada. Só que eu o vi rubricando seu depoimento e analfabetos não rubricam e em seguida, exames comprovaram que ele tinha visão normal”, disse.
Para a tia de Fernanda, uma trama foi construída e divulgada na mídia para fazer a população acreditar em mentiras.
“Primeiro destruíram a imagem dela dizendo que ela era uma garota de programa, depois dificultaram, de todas as formas, o acesso às informações. O vigia foi instruído a mentir e todas as imagens da cena do crime foram feitas com uma câmara Polaróide, com uma resolução muito ruim. A cena do crime foi contaminada de todas as formas, colocaram papelão sobre o corpo, a imprensa e os curiosos pisaram nas evidências; policiais destruíram as pegadas; pedras e madeiras foram usadas para marcar o local, enfim, muito pouco de verdade restou no lugar onde ela foi morta”, argumentou.
Cassandra Lages também acredita que a morte do fotógrafo Delson Castelo Branco, dono do site Galera Show, estaria diretamente ligada ao assassinato de Fernanda.
“Ele tinha muitas fotos dela que foram apagadas e sumiram. Por que depois de um mês sem nenhuma notícia sobre a sua morte aparece um motorista de caminhão dizendo ter visto um acidente onde uma moto batia em outra numa estrada? Um mês depois? Só imagino ter sido um arranjo para fechar o caso. Ainda divulgaram que tentaram colocar fogo na CPU do seu computador”, argumentou.
Quanto aos responsáveis pelo crime, Cassandra imagina que família de poderosos do Estado tenha bloqueado as informações.
“Muitas pessoas chegavam para me contar pequenas coisas, mas nunca tinham coragem de ir à delegacia. Medo? Medo de que, de quem? Por quê? Que tipo de retaliações essas pessoas poderiam sofrer?” Questionou.
https://youtu.be/iE-FClI3RyY?t=1048https://youtu.be/iE-FClI3RyY
Por Arimateia Azevedo
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